Após semanas de discussões e discursos opostos sobre a vacinação infantil, os governos estadual e federal adotaram tom mais uniforme a partir de ontem. Horas depois de o governador João Doria (PSDB) revelar plano para vacinar todo o público entre 5 e 11 anos com pelo menos uma dose em três semanas, o Ministério da Saúde confirmou a compra de 20 milhões de doses para imunizar as crianças brasileiras ainda a partir deste mês.

Em coletiva, ontem, Doria explicou que a ideia é vacinar 4,3 milhões de crianças, com prioridade para 850 mil delas com comorbidades, deficiências, indígenas e quilombolas – aliás, o Estado também iniciou a distribuição de 4,5 milhões de cartões de vacinação específicos para o público com idade entre 5 e 11 anos. O chefe do Palácio dos Bandeirantes, inclusive, não deixou de criticar o fato de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já ter aprovado a vacinação infantil há quase um mês e o governo federal não ter liberado o início da aplicação.

“Por ações deliberadamente protelatórias, o Ministério da Saúde ainda não disponibilizou a vacina para que as crianças possam ser imunizadas”, disse Doria, que aguarda resposta da agência regulatória sobre a liberação do pedido para uso da Coronavac no público infantil – o Estado conta com 12 milhões de doses desta vacina prontas para uso.

“Desde o dia 16 de dezembro, se tivéssemos iniciado a vacinação por conta do envio de doses pelo Ministério da Saúde, mais de 90% de nossas crianças já teriam recebido pelo menos uma dose”, corroborou o secretário executivo de Saúde do Estado, Eduardo Ribeiro. “É um momento de muita expectativa do governo de São Paulo pelo imediato envio de doses suficientes por parte do Ministério da Saúde.”

BRASIL

Também em coletiva, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, falaram sobre a estratégia federal para vacinação infantil.

“Nossas crianças, que são o futuro do País, merecem uma ênfase especial. Nossa decisão está em absoluta sintonia com outros países que também têm um sistema universal de saúde”, declarou Queiroga. “Quero me dirigir aos pais e mães dos brasileiros para dizer que o Ministério da Saúde fornecerá doses para todos aqueles que quiserem vacinar seus filhos”, completou o ministro.

“Os pais ou responsáveis têm que estar presentes manifestando sua concordância com a vacinação. Em caso de ausência, a vacinação deve ser autorizada por um termo de consentimento assinado por eles, isso está disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente”, explicou Rosana Leite.

Para atender essa demanda, o governo federal já encomendou 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer. A previsão é que sejam entregues no primeiro trimestre. Até o fim de janeiro, 3,7 milhões de doses devem chegar ao País. Já estão previstos três voos com 1,248 milhão de vacinas cada, entre os dias 13 e 27.