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Sessenta pessoas querem adotar bebê abandonado em Sto.André
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
12/03/2005 | 18:47
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Pelo menos 60 pessoas anônimas, entre donas de casas, guardas municipais e profissionais liberais, se interessaram em adotar a recém-nascida abandonada na última segunda-feira dentro do banheiro do saguão do Teatro Municipal de Santo André. Sexta-feira à tarde, o bebê deixou o CHM (Centro Hospitalar Municipal) e foi transferido para um abrigo da cidade, onde permanecerá sob proteção da Justiça.

Antes do desejo de criar a menina, porém, o interessado tem de se inscrever como pretendente à adoção no fórum da cidade em que reside (veja quadro nesta página) e aguardar. Somente na Comarca de Santo André, são 84 cadastrados, entre casais e pessoas que querem fazer a adoção individualmente. Outros 36 pedidos estão em processo de habilitação.

“Os candidatos são incluídos na lista em ordem cronológica”, ressalta Ricardo Flório, promotor da Vara da Infância e da Juventude de Santo André. Ele instaurou procedimento – medida de proteção – para investigar a situação da recém-nascida deixada ao lado do vaso sanitário. “Temos de buscar algum indício que nos leve à mãe ou de possíveis parentes. Se não encontrarmos, a menina será encaminhada para a adoção”, explica.

O interesse despertado pelo bebê abandonado no banheiro vem de encontro com as características mais procuradas pelos candidatos a pais adotivos: recém-nascido, sexo feminino e de cor branca. “Santo André, como todo o Grande ABC, não dispõe de muitas crianças para serem adotadas, principalmente com tais características”, diz Marilze Garcia Leal, psicóloga judiciária da Vara da Infância e da Juventude de Santo André. Marilze, que integra a equipe técnica que entrevista os candidatos, diz que crianças que tem a partir de um ano e meio estão suscetíveis a envelhecer nos abrigos. São poucos os interessados em adotar uma criança mais velha.

Até dezembro do ano passado, 82 crianças com idades entre 0 e 16 anos estavam em abrigos em Santo André, segundo dados da Vara da Infância e da Juventude. Mas nem todas eram casos de adoção, algumas até mesmo aguardavam pelo retorno à família de origem. O número atual de crianças que esperam ser adotadas não foi informado.

Sensibilização – A conselheira tutelar Maria do Socorro da Silva, que conduziu e retirou a recém-nascida do CHM, diz que o órgão recebeu inúmeros telefonemas. “Desde que o Diário publicou a reportagem sobre o abandono da criança é grande o número de pessoas que nos liga ou visita a sede do Conselho Tutelar. São muitos os interessados em adotá-la”, conta. A situação não foi diferente no hospital. Ela diz que uma mulher ofereceu roupas e calçados. “Algumas pessoas ficam sensibilizadas com a situação da criança, mas sem a real dimensão do que é uma adoção, processo que é irrevogável”, conclui Maria do Socorro.



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