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Número de estudantes da região inscritos no
Enem cai pela metade

São 31.395 alunos aptos a participarem das provas nos dois próximos domingos, contra 64.894 que fizeram a última edição do exame

Por Arthur Gandini
Especial para o Diário
18/11/2021 | 08:24
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Celso Luiz/DGABC


O número de vestibulandos da região que devem prestar a versão impressa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) nos dois próximos domingos caiu pela metade em relação à última prova, realizada nos dias 17 e 24 de janeiro deste ano, mas referente a 2020 – foi adiada em virtude da pandemia. Segundo os números divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), um total de 31.395 estudantes do Grande ABC realizaram a inscrição. Trata-se de redução de 51,6% no comparativo com os 64.894 inscritos do começo do ano.

Outros 2.313 estudantes das sete cidades se inscreveram para o exame digital que ocorre nas mesmas datas do impresso. O instituto não divulgou o número de inscritos para a última prova digitalizada, que aconteceu em 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Ao todo, 33.708 estudantes da região devem passar pelo exame nacional nos dois próximos domingos.

O maior número de inscritos, somadas as provas impressa e digital, está em São Bernardo, com 10.021 estudantes. Na sequência aparecem Santo André, com 9.822 vestibulandos; Diadema, com 4.713; São Caetano, com 4.001; Mauá, com 3.428; Ribeirão Pires, com 1.383; e Rio Grande da Serra, com 340.

Apenas Santo André, São Bernardo e São Caetano contam com vestibulandos que se inscreveram para o Enem digital, realizado no laboratório de informática de escolas e universidades. Em todo o Brasil, 3,1 milhões de pessoas se inscreveram para o exame, o menor número desde 2005. A prova digital no País recebeu um total de 68.891 inscrições. Os locais das provas estão disponíveis no site do Inep, na página do participante.

Especialistas afirmam que há diversos fatores que motivam a queda no número de inscritos tanto no Grande ABC como em todo o País. Entre eles, estão a crise econômica e a falta de políticas públicas de apoio a estudantes de baixa renda. “Os motivos são vários: a instabilidade política, o empobrecimento das famílias, a necessidade de trabalhar e não ter condições de estudar. A situação dos jovens de baixa renda é muito difícil, como vão pensar em estudar quando as famílias estão empobrecidas e eles preocupados com o futuro?”, questiona Soraya Smaili, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do centro de estudos Sou Ciência.

Já Uilson Santos, diretor de ensino da unidade de São Bernardo do Colégio Adventista, lembra que a pandemia também teve como consequência a evasão escolar, quando alunos decidem por abandonar os estudos. “Historicamente o número de inscritos no Enem vem caindo durante os últimos anos. Em 2020, a pandemia favoreceu esta situação. Esta evasão pode ter sido por dificuldades que enfrentaram em relação às aulas <CF51>(remotas)</CF> ou questões socioeconômicas que corroboraram para o abandono”, pontua.

DIGITALIZAÇÃO
Os especialistas avaliam que os estudantes na região e em todo País não têm se empolgado com o Enem digital. A modalidade foi oferecida pela primeira vez no começo do ano e a ideia é que o exame se torne apenas digital até 2026 com o objetivo de reduzir custos de logística.

Para Paulo Roberto de Francisco, diretor de vestibulares do cursinho Singular Anglo, com unidades em Santo André e São Bernardo, o caso demonstra que nem sempre a tecnologia se traduz em praticidade. “Em uma questão de exatas, por exemplo, muitas vezes o aluno quer rascunhar ou desenhar na figura e não consegue porque, no formato virtual, a imagem está na tela do computador. Muitos que fizeram prova digital no ano passado não querem repetir a experiência. Eles preferem o formato convencional”, relata.

Vestibulandos temem mudanças nas questões

Servidores do Inep denunciaram na semana passada ao programa <CF51>Fantástico</CF>, da TV Globo, a suposta interferência do governo federal no conteúdo do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O motivo seria a prova apresentar conteúdos políticos em desacordo com o que é defendido pelo Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou na segunda-feira, em agenda em Dubai, nos Emirados Árabes, que “começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem”.

Eventual mudança no estilo da prova preocupa estudantes e professores do ensino médio e de cursinhos pré-vestibulares. O motivo é que os vestibulandos têm se preparado para as provas com base nos exames dos anos anteriores. É o caso de Gabrielle de Aveiro, 17 anos, estudante do ensino médio em São Bernardo e que sonha em obter uma boa nota no Enem para estudar engenharia química na USP (Universidade de São Paulo). Ela tem estudado com mais intensidade conhecimentos gerais com receio de que o tema da redação seja distinto das provas de outros anos, por conta de questões políticas. “Acho que este ano não vai cair sobre saúde”, prevê. O motivo seria o presidente Bolsonaro ser investigado atualmente, em CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional, por crimes cometidos no gerenciamento da pandemia.

Para a professora Soraya Smaili, o clima é de incerteza. “Traz grande insegurança ao sistema. Além disso, a quebra das regras pode levar à judicialização do processo. Se o governo não garantir a prova, poderá haver sérios prejuízos para todos”, alerta.

Para Uilson Santos, a boa preparação dos estudantes deve ser o suficiente para contornar esse receio. “Simulados são apenas recursos, instrumentos que podem ser utilizados para se prepararem melhor, mas não pode confiar apenas nisso”, orienta
 




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