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Bairro Zaíra, em Mauá, é quase uma cidade
Raymundo de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
08/12/2001 | 17:46
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O Jardim Zaíra, bairro mais populoso de Mauá, concentra 20% dos 364 mil moradores do município, o que equivale a duas vezes a população de Rio Grande da Serra (36 mil) e metade da de São Caetano (140 mil). Com porte de cidade, rede comercial com cerca de 700 estabelecimentos e problemas como falta de serviços públicos para atender toda a população, o Zaíra reflete o fenômeno dos fluxos migratórios que adensaram as periferias da Região Metropolitana de São Paulo nos anos 70 e 80.

O bairro possui quatro escolas estaduais, duas municipais, duas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), uma das quais teve o maior número de atendimentos feitos em 1999 (227,6 mil), uma unidade do Sesi (Serviço Social da Indústria), uma Casa da Juventude, uma creche e um asilo.

Localizado em área correspondente a 4,2 mil m², ou quase 5% dos 67 mil m² de Mauá, o Zaíra teve os primeiros lotes vendidos a partir de 1954 e continua a receber novos moradores. Para a coordenadora do programa de pós-graduação em Ciências Socias da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Lúcia Bogus, que também coordena um trabalho sobre desigualdade socioespacial na Região Metropolitana, a ocupação da periferia da Grande São Paulo teve características semelhantes: intensa migração oriunda das regiões Norte e Nordeste, procura por locais mais afastados por causa do preço dos lotes, casas erguidas pelo sistema de auto-construção e ocupação desordenada. “As pessoas procuravam locais que ficassem próximos dos corredores de transporte e fossem baratos.”

O servente de pedreiro Erberto Menezes dos Santos, 35 anos, é um exemplo da migração ocorrida nos anos 70. A família dele deixou Aracaju (SE) em 1975 para se mudar para São Paulo. Santos diz que já se acostumou à vida no Jardim Zaíra. “A pior coisa que tem aqui ultimamente é a violência”, diz.

As baianas Ana Maria de Oliveira, 44, e Raimunda Oliveira e Silva, 40, e a pernambucana Josira Menezes, 51, se mudaram para o Jardim Zaíra há sete anos. Elas disseram que vieram para São Paulo em busca de melhores condições de vida e foram morar no Zaíra devido à facilidade em alugar casas por causa do valor dos imóveis e dos aluguéis. Além disso, já tinham parentes ou conhecidos no bairro.

Ana e Raimunda trocaram a casa alugada por moradias próprias na parte alta do Zaíra. Josira herdou uma casa de uma irmã falecida. “Além de ser um lugar difícil de chegar e sair por causa da subida do morro, no Zaíra é raro achar trabalho de faxina ou outro tipo de serviço doméstico porque todo mundo leva uma vida apertada”, relata Josira, desempregada há dois anos.

A secretária de Planejamento e Meio Ambiente de Mauá, Josiene Francisco da Silva, afirma que, a partir do próximo ano, a Prefeitura deverá começar a fazer intervenções no Jardim Zaíra para implementar um projeto de reurbanização, que está sendo desenvolvido desde 1997.




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