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Consórcio Intersindical não existe
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
24/07/2006 | 08:05
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Prestes a completar três anos, o Consórcio Intersindical do ABC ainda é uma incógnita e deixou de cumprir a missão inicial. Pelo menos é isso que pensa a maioria dos representantes dos sete sindicatos de servidores públicos da região. Criada em novembro de 2003, a entidade tinha como principal objetivo unificar a luta dos sete sindicatos locais, incluindo a negociação de reajuste salarial. No entanto, essa meta nunca foi alcançada e o Consórcio passou a ser um ponto de encontro para debater questões gerais ou problemas específicos de cada sindicato.

Inicialmente, a entidade deveria ser composta por dois representantes de cada sindicato, ter a coordenação trocada a cada seis meses, por meio do voto aberto entre os membros, e ter sede na entidade que estivesse no comando. No entanto, a maioria dos sindicatos não aderiu à proposta e, por isso, a presidência passou de seis meses para um ano.

Embora a região contabilize cerca de 30 mil servidores, apenas os representantes dos sindicatos têm acesso aos debates. Quem defende a eficácia da entidade, justifica a restrição comparando o Consórcio Intersindical ao Consórcio Intermunicipal, representado apenas pelos prefeitos. “O papel da entidade não é assumir o sindicato, não é unificar. Ao contrário. É mais ou menos como no Consórcio dos prefeitos. Conseguimos atender necessidade do sindicalismo em fazer fóruns e discutir questões políticas de interesse de todos”, justifica a presidente do Sindicato dos Servidores de São Bernardo, Vânia Aparecida de Souza, principal articuladora da criação do Consórcio.

Mas nem todos compartilham da opinião de Vânia, que também foi a primeira presidente do Consórcio de servidores. Caso do dirigente do sindicato de Santo André, Jaime de Almeida. “Isso (Consórcio) não existe na prática. Até participamos da tentativa de construi-lo, mas não conseguimos dar corpo à proposta”, conta.

Jesomar Alves Lobo, que preside o sindicato em Mauá, concorda com Almeida. “Não existe o consórcio. Na realidade, nunca existiu, e se alguém falar o contrário está mentindo”, afirma. Para ele, o fracasso da idéia foi motivado pela falta de interesse de alguns sindicatos em fazer um trabalho sério.

Em Ribeirão Pires, Dalva Aparecida da Silva Rodriguez, afirma que o sindicato local não envia representantes ao Consórcio. Motivo: o afastamento de dois diretores desfalcou a entidade. “Fica difícil cumprir tudo.” A presidente também justifica a ausência no Consórcio dizendo ser impossível unir entidades em cidades cuja realidade é tão diferente. “Não dá. Cada prefeitura tem uma situação. Fica impossível lutar pelo mesmo reajuste em São Caetano e em Rio Grande da Serra.” Ao avaliar que a única função seria a tentativa de união para luta, justificou que mesmo sem consórcio os sindicatos da região sempre foram unidos.

Hilton Olivares, de Rio Grande da Serra, admite ter abandonado a idéia. “Não deu muito certo. Deixei de ir porque as idéias debatidas nas últimas reuniões não foram seguidas. Mas acho que não foi falta de empenho”, justifica.

Ao lado de Vânia, fica apenas o atual presidente do Consórcio, Geraldo Lucas Barros, vice-presidente do Sindicato dos Servidores de São Caetano. Ele avalia em 80% a atuação positiva da entidade. “Promovemos palestras, orientamos os sindicatos a negociarem os reajustes individualmente, porque um acordo unificado é impossível na região. Além disso, quando alguma entidade apresenta problemas, sentamos, discutimos e propomos solução”, defende. No entanto, dos sete presidentes da região, quatro garantem nunca terem tido contato com Barros. Almeida, Lobo, Dalva e Olivares não souberam dizer quem era o atual responsável pela entidade.

Comunicada sobre as críticas, Vânia, que pretende disputar novamente a presidência do Consórcio, fez uma análise da situação. “Infelizmente, algumas direções se afastaram porque faltou um pouco de maturidade e compreensão. O objetivo não é um sindicato único, regional, mas sim criar um fórum de discussão de políticas para o  funcionalismo da região. Mesmo que alguns teçam críticas, conseguimos abrir portas, porque após a criação do Consórcio informações sobre todos os sindicatos da região foram disponibilizadas.” No entando, a dirigente fez um mea culpa. “Mas ainda não é o que desejamos.”




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