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Estado de felicidade
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
25/06/2010 | 07:15
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O dramaturgo e cineasta inglês Mike Leigh se sensibiliza com dramas cotidianos de pessoas comuns, afastadas do poder. Esse realismo social, que comporta momentos tristes e alegres, atrai a atenção do diretor Mauro Baptista Vedia, que montou versões para A Festa de Abigaiu (2007) e Êxtase (2010).

A última, que encerrou temporada neste mês, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em São Paulo, com atuação de Mário Bortolotto, terá exibição única e gratuita amanhã no Teatro Clara Nunes, em Diadema.

Ambientada na Inglaterra da década de 1970, a tragicomédia coloca em cena velhos amigos operários que vivem uma longa noite de bebedeira e nostalgia. Entre as lembranças, está a amizade.

"São pessoas pobres que não têm a expectativa de uma vida melhor, mas conseguem manter um estado de felicidade meio maluco", sintetiza Mário Bortolotto, que interpreta o irlandês Mick.

A melancólica Jane (Erika Puga) leva uma vida solitária enquanto mora em uma quitinete e trabalha em um lava-rápido. É também amiga da falastrona Jean (Amanda Lyra), que tem três filhos e é casada com Mick (Mário Bortolotto). Este, por sua vez, é um operário que bebe até cair depois de receber o pagamento.

Uma noite, surge Leo (Eduardo Estrela), ex-namorado de Jane. O quarteto então começa a relembrar a juventude, que também envolve Di (Amanda Lyra), Roy (Francisco Eldo Mendes) e Val (Fernanda Catani).

O clima é bastante triste no primeiro ato enquanto o segundo representa uma ode à vida. "Apesar das dificuldades materiais, tentam ser felizes a qualquer custo", explica Vedia, uruguaio naturalizado brasileiro.

Para Bartolotto, Mick é o mais alegre do grupo. "Ele está sempre de bem com a vida apesar de não ter motivos para isso. Leva uma vida difícil", analisa. E pondera: "Ele até que é meio triste, mas não transparece. Para perceber, é preciso investigar muito".

Músicas de domínio público inglês, adaptadas para o português por Carlos Careqa, também são entoadas pelos amigos alcoolizados.

Ponto marcante da obra, segundo Vedia, é o humor. "A dramaturgia de Mike Leigh tem um senso de humor extraordinário. É negro, melancólico e inteligente", afirma. E acrescenta: "(o espetáculo) coloca mais perguntas do que respostas".

Êxtase - Teatro. Amanhã, às 20h. No Teatro Clara Nunes (Centro Cultural Diadema) - Rua Graciosa, 300. Tel: 4056-3366. Entrada franca (capacidade para 370 pessoas).




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