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Internet 2 já mostra resultados
Landa Xavier Moino
Do Diário do Grande ABC
29/01/2001 | 17:34
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Teleconferências, laboratórios virtuais, telemedicina e bibliotecas digitais: essas são apenas algumas das possibilidades que a Internet 2 já está proporcionando aos seus usuários em menos de cinco anos de atividade. Mas o que vem a ser essa “nova” rede, cuja história muito se assemelha à da Internet comercial que conhecemos atualmente? 

Trata-se de uma iniciativa de 34 universidades norte-americanas que surgiu no final de 1996 com a proposta de desenvolver uma rede de alta velocidade, baseada em infra-estrutura de fibra ótica, com aplicações avançadas para os setores acadêmico e de pesquisa. O objetivo principal do projeto, na época do seu nascimento, era criar um meio de comunicação veloz e em um ambiente baseado em aplicações de interatividade para possibilitar o uso da rede em tempo real. 

Para isso, foi necessária a criação de uma arquitetura física da rede eletrônica para dar suporte à Internet 2, chamada GigaPOP (pontos de presença com velocidade na casa dos gigabits por segundo), que são os responsáveis pela comutação e gerenciamento da comunicação entre os membros da rede. A função principal do GigaPOP consiste na separação do tráfego entre os membros da Internet 2 e as instituições conectadas à Internet comercial. 

Assim, o diferencial da nova rede não está somente na maior velocidade de acesso às informações, mas na constatação de que as tecnologias que compõem a Web atual não serão capazes de viabilizar o desenvolvimento de serviços de qualidade diferenciada aos usuários, como ocorre com a Internet 2. 

No Brasil, a nova rede é acompanhada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), um “braço” brasileiro da Internet 2 que segue as tendências das redes acadêmicas dos Estados Unidos em uma estratégia unificada para consolidar as tecnologias aplicadas à rede. 

O Programa Interministral de Implantação e Manutenção da Rede Nacional para Ensino e Pesquisa, assinado pelo MEC e MCT há dois anos, prevê um investimento de cerca de R$ 200 milhões na RNP2 até 2004.

A implementação da RNP foi dividida em três fases. A primeira teve início em 1997, com a criação das Remavs (redes metropolitanas de alta velocidade), consórcios formados por instituições de ensino superior em parceria com empresas privadas que prestam serviços na área de telecomunicações. O objetivo nessa fase era superar as deficiências de infra-estrutura de fibra ótica no país. A segunda, iniciada em maio de 2000, começou com a implementação da RNP2, o backbone (espinha dorsal) do projeto que possibilita o desenvolvimento de aplicações avançadas, trafegando em infra-estrutura de alta largura de banda. Além de preparar a rede brasileira para atender à demanda das aplicações de nova geração e capacitar recursos humanos, a RNP2 estabelecerá uma conexão à rede norte-americana – esta, aliás, é a última fase do projeto, e o início está previsto para os próximos dias. 

“As tecnologias adotadas nas redes norte-americana e brasileira são semelhantes”, afirma Eduardo de Carvalho Viana, do centro de informação da Rede Nacional de Pesquisas. “Podemos citar as experiências com protocolo de nova geração, o IPv6, que começou a ser implementado em alguns trechos do backbone e é avaliado pelo Laboratório de Configuração e Testes da RNP”, diz. 

A velocidade do backbone – oferecido pela Embratel – no país é de até 155 Mbps, muito abaixo da Internet 2 nos EUA, que é de 2,4 Gbps. Entretanto, o coordenador de operação da RNP, Alexandre Leib Grojsgold, afirma que, por enquanto, essa velocidade é suficiente para suprir toda a demanda nacional. “A RNP2 abrange todos os 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional, uma vez que possui ponto de presença (PoP) em todos os Estados.” Grojsgold esclarece que nos locais onde a demanda é baixa, como a região Norte, optou-se por outra tecnologia, a Frame Relay, cuja velocidade é de 2 Mbps. 

O fato é que a combinação do desenvolvimento das redes de alto desempenho no país com um conjunto de novas tecnologias e produtos (diga-se hardware e software) tornará possível aplicações com desempenho crescente a custos progressivamente menores. “Quando as redes de fibra interestaduais estiverem instaladas e maduras, os preços praticados pelas prestadoras de serviço deverão ser readequados às novas tecnologias e custos”, diz Grojsgold.




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