João Gordo entrou salivando na apresentação do Ratos de Porão, domingo à tarde, no Paço Municipal de Santo André. O vocalista demonstrou apetite pelo punk, cantou músicas novas e antigas da banda, criticou o chefe de governo espanhol e fez apologia ao hardcore, num show de 60 minutos. Foi batido o recorde de público do projeto Rota do Rock – que tem 17 edições realizadas – ao reunir cerca de 4 mil pessoas, segundo os organizadores.

O RDP entrou no palco às 16h20. João Gordo saldou o público da cidade e foi logo à primeira música. Levou o microfone à boca e, babando, soltou seus rugidos nervosos.

No palco, o Gordo detonou. Acompanhado por Jão (guitarra), Boka (bateria) e Juninho (baixo), o vocalista apresentou até uma boa forma. Além de cantar e rolar no tablado, criticou o sistema policial (aquele agressivo), a Igreja Universal, os playboys que “não respeitam negros e homossexuais”, José María Aznar (“Por que a Espanha tinha que se meter naquela guerra? Estava de olho no petróleo e pagou caro por isso”), e até “o segurança folgado que chutou um moleque”.

Na frente do palco, os jovens pulavam, jogavam-se uns sobre os outros e repetiam os versos guturais (incompreensíveis para quem não conhece as letras da banda). Pelo menos um rapaz saiu carregado pelos amigos, que o levaram até uma das ambulâncias de plantão. Um outro jovem caiu sobre sua cabeça.

No máximo, ocorreram incidentes como esse. A maioria dos socorros prestados pelo atendimento médico foi a pessoas alcoolizadas. Não houve brigas. Em uma área periférica em relação à aglomeração do público, havia até crianças andando de bicicleta acompanhadas pelos pais.

A abertura foi feita pela banda paulistana Imminent Chaos e a andreense Nitrominds. Foram arrecadados 115 quilos de alimentos que, segundo os organizadores, serão doados para a Casa do Caminho Descanso do Viajor Alan Kardec.