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Um dos graves problemas sociais do Grande ABC, a exclusão digital foi realçada em tempos de pandemia. A dificuldade de acesso à internet impede, desde março, que legiões de estudantes acompanhem de modo efetivo as aulas ministradas a distância – protocolo adotado pelo Estado, e seguido pelos municípios, para evitar a disseminação do novo coronavírus. O impacto desta privação digital ainda não pode ser calculado em sua total magnitude, mas certamente será gigantesco, contribuindo para estreitar ainda mais o gargalo social que condena gerações à miséria pecuniária e intelectual.
Neste contexto, ganham ainda mais relevância políticas públicas como a que será lançada amanhã em Santo André. Com o objetivo de dar condições para que alunos da rede municipal consigam assistir às aulas a distância, o prefeito Paulo Serra (PSDB) investiu R$ 9 milhões na aquisição de 32 mil chips que garantirão por um ano acesso à internet. É a primeira parte do pacote de inclusão digital, cuja complementação prevê a entrega de tablets aos estudantes.
O surgimento da Covid-19 surpreendeu a maioria dos municípios brasileiros. Poucos deles estavam com as redes educacionais digitalizadas de modo a garantir a universalização do acesso às plataformas de ensino remoto. Não foi diferente no Grande ABC. Pesquisa realizada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), em maio, registrou que a adesão dos estudantes às aulas on-line era menor que 25% na rede pública paulista – em São Bernardo, em determinado dia, o comparecimento foi de parcos 2,7%.
Garantir que crianças e adolescentes consigam se ligar à rede mundial de computadores seria, inescapavelmente, o futuro do ensino, precipitado agora, em alguns anos, pelo novo coronavírus. Não dá mais, portanto, para sobrestar investimentos na inclusão digital dos estudantes, e também dos professores, obviamente. Os municípios que não se preocuparem com políticas destinadas a zerar a exclusão digital tendem a perder a corrida pelo desenvolvimento socioeconômico.
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