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Trilha de ‘2 Filhos de Francisco’ surpreende
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
25/08/2005 | 08:58
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Há um fator no gosto cultural de todo brasileiro que permanece inalterado, apesar da influência dos padrões internacionais: a identificação com as raízes regionais. É exatamente por essa razão que a trilha sonora do filme 2 Filhos de Francisco, sobre a trajetória da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, pode ser interessante até para aqueles que torcem o nariz para o gênero que dominou as paradas de sucesso no início dos anos 90.

Produzido pela dupla, em parceria com Caetano Veloso, o CD (Sony-BMG, R$ 25 em média) ressalta a grande virtude do longa-metragem que fez sua estréia nos cinemas no fim de semana passado: fazer com que o popular e o sofisticado esqueçam suas diferenças e se unam para cantar o Brasil, sem que um descaracterize o outro. Isso não quer dizer que, necessariamente, o ouvinte irá procurar a loja mais próxima em busca da discografia dos astros sertanejos, mas, quem não tiver os ouvidos prejudicados pelo preconceito, poderá se surpreender.

Um dos destaques do álbum, composto por 14 faixas, é a participação especial de Ney Matogrosso em Cálix Bento, em que ele divide os vocais com Caetano. Composta pelo parceiro de primeira hora do Clube da Esquina, Tavinho Moura, e gravada pela primeira vez no disco Geraes (1976), de Milton Nascimento, a canção ganhou um arranjo com andamento mais lento que realçou o aspecto litúrgico da letra.

Aliás, a principal orientação musical do disco é o apelo emocional. Exemplo disso é o clássico Luar do Sertão, de Catulo da Paixão Cearense, interpretado pelas duplas Zezé Di Camargo e Luciano e Chitãozinho e Xororó. Amparada pelo mano Caetano, Bethânia esbanja delicadeza e sensibilidade em Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira).

Hits – Outra participação inusitada é a do ex-titã Nando Reis, que faz um dueto com Wanessa Camargo em O Lavrador (Nicéas Drumont/Felisbelo da Silva/Cecílio Nena). Costurada por discretos acordes de viola, a canção ganha um acento pop, mas preserva o sotaque musical caipira. Já em Saudade Brejeira (José Eduardo Morais/Nasr Chaul), Caetano e a dupla protagonista voltam a dividir os microfones e garantem uma bela mistura.

Mas, como não poderia deixar de ser, o disco também conta com as babas açucaradas que impulsionaram a carreira dos filhos de Francisco. Há duas músicas gravadas ao vivo, em show realizado em março, no Olympia, em São Paulo – o megasucesso É o Amor e No Dia em que Eu Saí de Casa –, além de Como Vai Você, hit do cantor Antônio Marcos (1945-1992). Graças aos recursos da tecnologia digital, Antônio Marcos ressurge para cantar com a dupla nesta nova versão, que já se tornou a música mais pedida em rádios de várias capitais do país.




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