Recursos para publicidade contradizem discurso do prefeito de S.Bernardo, em live, sobre economia na área
O governo do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), gastou R$ 9,2 milhões em publicidade neste ano, média de R$ 1,15 milhão ao mês. Os dados contradizem o discurso do tucano em live promovida por ele em abril, na qual havia assegurado aos internautas, após questionamento, que a Prefeitura não havia empenhado recursos para a área até então.
Atualmente, o Paço possui dois contratos para gestão da publicidade municipal: Max Offices Propaganda & Marketing e Octopus Comunicação. Segundo painel de despesas públicas mantido pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), o governo tucano tem efetuado pagamento às agências desde fevereiro – a quantia cresce com o avanço dos meses.
No dia 17 de fevereiro, a Octopus recebeu pagamento de R$ 33,4 mil. O maior repasse até o fechamento desta edição foi registrado em 15 de junho, de R$ 245 mil.
No caso da Max Offices, o primeiro depósito do ano foi efetuado no dia 2 de março, conforme relatório mantido pelo TCE. No dia 15 de junho, a agência obteve R$ 1,46 milhão. Quinze dias depois, três transferências foram concluídas a favor da empresa: uma de R$ 1,27 milhão, outra de R$ 1,9 milhão e uma terceira, de R$ 200,3 mil.
No fim de abril, durante uma live – que ele costuma fazer para trazer informações sobre o combate à Covid-19 no município –, Morando foi indagado por um internauta sobre o volume de recursos empregados em propaganda. Na resposta, disse que a informação era uma fake news e que não havia gasto nenhum centavo de dinheiro público na área até então – foi nesta época em que o jogador de futebol Gabriel Barbosa, são-bernardense e hoje atleta do Flamengo, do Rio de Janeiro, aceitara gravar vídeo institucional e alertar acerca dos perigos do novo coronavírus.
A maior fatia da verba publicitária é endereçada à Max Offices, cuja sede fica em Mogi das Cruzes, Região Metropolitana de São Paulo. Neste ano, a empresa recebeu R$ 6,88 milhões. A Octopus, de Santo André, ficou com R$ 2,3 milhões.
Desde que Morando chegou ao comando da Prefeitura, em 1º de janeiro de 2017, a Max Offices foi ganhando terreno. Contratada em 2015, ainda na gestão de Luiz Marinho (PT), a agência recebeu R$ 821 mil em 2016 (em 2015, segundo o Portal da Transparência municipal, não há pagamentos). A cota saltou 1.540% em 2017, passando para R$ 13,47 milhões. O comando da Max Offices foi responsável pela campanha de Morando à Prefeitura, em 2016, e vai coordenar, na área de marketing, a tentativa de reeleição do tucano neste ano.
No governo Marinho, o maior filão de recursos de propaganda ficava com a Sotaque Brasil Publicidade e Propaganda. Em 2015, a empresa obteve R$ 13,8 milhões. No ano seguinte, R$ 7,9 milhões. Neste período, a Octopus recebeu R$ 7,9 milhões (2015) e R$ 3,3 milhões (2016).
Em nota, o governo Morando disse que “a veiculação dos recursos segue critérios técnicos estabelecidos pelas agências de publicidade e envolvem cobertura, impacto, frequência, público-alvo, relevância, custo por impacto, entre outros”. “Os critérios de cobertura de mídia são medidos pelo impacto na cidade e não pelo endereço do veículo, ou seja, se a TV tem cobertura de quase 100% das residências da cidade com audiência auditada, não importa o endereço da geradora do sinal. Não se pode comprar mídia dividindo o endereço da sede do veículo, deve ser comprado pela cobertura e relevância do meio e do veículo.”
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