“Na década de 80 (quando foi criado o projeto), o percentual de meninas atendidas sempre ficou na faixa de 10% a 12%”, diz Marco Antônio da Silva Souza, o Marquinhos, coordenador da entidade.
Se em 1983 o Meninos de Rua possuía sete voluntários que fizeram cerca de 40 atendimentos durante todo o ano, hoje a entidade tem 16 educadores, além de voluntários e apoio de empresas, entidades do Canadá e Alemanha. Desde 1998, recebe um repasse anual de R$ 550 mil da Prefeitura, ficando responsável pela abordagem de rua praticada na cidade.
No ano passado, o projeto fez 2,1 mil atendimentos a meninos e meninas de rua. Neste ano, até março, foram 315. Na quadra da rua Jurubatuba aconteceram 855 atividades ao longo do ano. Cerca de 60% dos menores são do Montanhão. “Obviamente, essa região de São Bernardo é a que tem menos equipamentos públicos, como UBSs, creches e escolas”, afirma Marquinhos.
O trabalho consiste em abordagens aos menores nas ruas – sobretudo nos mocós (abrigos improvisados nas ruas), onde grupos se juntam para dormir, todas as manhãs –, oficinas de arte, atividades de lazer e encaminhamento das crianças para suas casas, abrigos e clínicas para dependentes químicos.
História – A festa começa hoje, com oficinas e shows de samba, e termina na sexta-feira com uma sessão solene na Assembléia Legislativa do Estado, passando pelos shows de Zé Geraldo e do bloco de rua Eureca, composto por atendidos e participantes do projeto, e outras atividades.
“Não temos nem o que falar do projeto, apenas referendar o conjunto de ações que realiza, pioneiro e muito importante”, diz Heloísa Helena Daniel, presidente da Fundação Criança, autarquia da Prefeitura.
Em junho de 1983, um grupo de sete estudantes da então Faculdade Metodista se reunia com representantes das igrejas Católica e Presbiteriana para criar o projeto Alternativa de Atendimento de Meninos de Rua, que mudaria depois de nome. Dessa forma, junho seria a época para a festa de dez anos do projeto, mas São Bernardo teve a sua chacina da Candelária (extermínio de oito menores de rua no Rio que completou dez anos em julho), em 3 de setembro de 1987.
Naquela data, seis menores que dormiam na Associação Comunitária de São Bernardo, na rua dos Vianas, foram mortos a tiros e facadas, subvertendo a lógica de comemorar o aniversário do projeto em junho. “A partir dali, passamos a considerar 3 de setembro como a data simbólica de aniversário do projeto”, disse o presidente da entidade, Ademar Carlos de Oliveira.
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