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Bairro sofre com furto de cabos de telefone
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/05/2012 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Dono de uma loja de materiais de construção no Parque Marajoara, em Santo André, Antônio Luiz Salvatore, 38 anos, sofre o mesmo drama há dez dias. Toda manhã ele não consegue concluir vendas ou programar entregas por problemas em suas linhas de telefone. A explicação está a cerca de 800 metros dali, onde criminosos aproveitam as árvores altas para subir, cortar e furtar os cabos.

"Você fica sem internet, não chegam pedidos, não tem como emitir nota fiscal. É um inferno", disse Salvatore. O problema começou há cerca de um mês, mas os furtos viraram rotina há dez dias. O ponto é sempre o mesmo, em frente ao campo de futebol na Rua Fernando Pessoa. Sem a poda da Prefeitura, as árvores em frente ao local cresceram e facilitam a ação dos criminosos.

Na madrugada de ontem, um aposentado de 56 anos que mora dentro do terreno onde fica o campo acompanhou a ação dos vândalos. Por volta das 3h, sua cadela começou a latir. Mesmo no escurou, viu um homem correr e deixar o que restou do cabo caído na calçada. "E aposto que essa noite vai acontecer de novo. Eles nem esperam pela madrugada. Na hora que anoitece já sobem e cortam."

Segundo a Telefônica/Vivo, 290,5 quilômetros de cabos foram furtados em todo o Estado de janeiro a março deste ano, 0,20% deles, ou seja, 600 metros, em Santo André. A empresa não revelou o número em outras cidades da região. Em nota, afirmou que instala alarmes e braçadeiras de aço próximas aos cabos para evitar a ação criminosa, além de colocar travas nos chassis de caixas subterrâneas. A Telefônica/Vivo alertou ainda que esse tipo de prática caiu 13,6% em relação ao ano passado no mesmo período.

"Se deixar, os noias levam o poste", afirmou o ferroviário José Luiz Fonseca, 55. Assim como outros vizinhos, ele não consegue identificar os autores dos furtos. Todos, no entanto, acreditam que seja ação de viciados para conseguir dinheiro e comprar drogas na favela do Homero Thon, próxima do bairro. Pelos dados da Telefônica/Vivo, a quantidade extraviada rendeu pouco, já que 600 metros de cabo dão menos de um quilo de cobre, avaliado em cerca de R$ 12 nos ferros-velhos do Grande ABC.

"Como vamos chamar a polícia se não temos telefone?", disse a aposentada Rosa Maria de Jesus, 73. Como ela, outros moradores decidiram trocar de empresa de telefonia após ver os gastos com o celular aumentar.

"Tínha que pagar a conta mesmo com o telefone mudo. A Telefônica respondia que não podia fazer nada. Fiquei de saco cheio e resolvi trocar de empresa, não dava mais", destacou o estudante Lamartine Ramos Pires, 23.

Isso, no entanto, não é garantia de que se estará livre de problemas, já que, sem prática, os vândalos acabam cortando outros cabos que estejam próximos dos de cobre. "Acaba influenciando em tudo e até a TV a cabo também sai do ar quando eles arrancam com força", apontou Rosa.




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