O Hospital Mário Covas mudará seu perfil assistencial a partir da metade do ano que vem. A expectativa das prefeituras da região é que a unidade torne-se referência em atendimentos de traumaortopedia, neurocirurgia e cirurgia vascular dentro de um ano.

O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Saúde de São Bernardo e coordenador do GT de Saúde do Consórcio Intermunicipal, Arthur Chioro, após reunião dos prefeitos e secretários de Saúde.

Para efetivar a mudança de perfil será preciso investir em reforma, aquisição de equipamentos e até ampliação de leitos. A verba que irá promover a readequação do atendimento virá do QualiSUS, projeto do governo federal em parceria com o Banco Mundial. Ao todo, a União enviará R$ 20,4 milhões para qualificação da Saúde regional, sendo que R$ 6,5 milhões serão destinados ao Hospital Mário Covas. Outros R$ 3,5 milhões serão utilizados na melhoria do setor de urgência de cada cidade e qualificação de profissionais com nível superior.

Atualmente, de acordo com Chioro, as prefeituras enfrentam grande dificuldade em suas centrais de regulação para conseguir vagas no Hospital Mário Covas, especialmente para casos de alta complexidade. A partir das mudanças, as ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que hoje transportam pacientes em estado grave para prontos-socorros municipais, poderão levá-los diretamente ao hospital. Além disso, pacientes da região terão prioridade. As cirurgias de trauma já são realizadas no Mário Covas. O problema está na espera pela vaga, que pode durar semanas.

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, a unidade realiza média mensal de cerca de 51 cirurgias vasculares, 29 neurocirurguas e 152 cirurgias em ortopedia e traumatologia. 
Chioro afirmou que o encerramento das dez especialidades nos ambulatórios do hospital, divulgado pelo Diário em abril, não tem relação com a mudança programada para 2013. "Ainda tratamos isso como ação isolada, sem discussão com os municípios."

O desperdício de consultas nos AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) da regição, gerenciados pelo Estado, e outros assuntos que envolvem a participação das sete prefeituras, governos estadual e federal serão tema de debate na sexta-feira, em reunião marcada na Faculdade de Medicina do ABC. Todos os prefeitos e secretários de Saúde do Grande ABC irão participar, além do secretário estadual da Saúde, Giovanni Guido Cerri, e o secretário de Gestão Estratégica do Ministério da Saúde, Luiz Odorico de Andrade.

No encontro será discutida a assinatura do Coap (Contrato Organizativo de Ação Pública), que visa redefinir as relações interfederativas e suas atribuições. "Será suprida a lacuna da falta de transparência e clareza. Poderemos definir de quem é a responsabilidade de garantir acesso da população em cada uma das áreas da Saúde", explicou Chioro. As prefeituras têm pressa em celebrar o contrato, mas ainda não há prazo estipulado para assinatura das partes. "Vamos trabalhar para que seja até o fim do ano. É o nosso desejo e do ministério."

ATENÇÃO BÁSICA 

Dos R$ 20,4 milhões da verba do QualiSUS, R$ 5 milhões serão destinados às melhorias no funcionamento das 136 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do Grande ABC. Cerca de R$ 2,6 milhões serão empregados na compra de equipamentos e a outra parte na qualificação e treinamento dos funcionários.

A verba restante será aplicada na informatização da rede e outras melhorias ainda não definidas. Os recursos começarão a ser repassados entre junho e julho e o prazo para execução das propostas é de três anos.