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'Estava indo jogar dominó quando ônibus despencou'
Camila Brunelli
06/07/2011 | 07:29
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Como fazia todas as manhãs, no dia 9 de junho, o aposentado Syrio Gonçalves dos Santos, 82 anos, levantou cedo, tomou café da manhã e pegou o ônibus para jogar dominó e baralho com amigos em bar do bairro Santa Paula. Ainda bem perto de casa, no bairro Prosperidade, em São Caetano, a motorista a motorista da linha 101 perdeu o controle do coletivo, despencando de uma ponte na linha férrea da CPTM.

Syrio, que trabalhou durante anos como porteiro do Clube Acascs, foi um dos 16 passageiros do ônibus a sair ferido da colisão. "Quando fiquei sabendo do acidente, achei que não tinha sobrado nada dele. Com essa idade, caindo daquela altura, já pensei no pior", lembrou a filha do aposentado, a auxiliar geral Sueli Souza Pereira, 51, que se licenciou do trabalho para cuidar do pai.

Syrio sofreu trauma leve de crânio e quebrou duas vértebras. Foi o último paciente a ter alta: ficou 23 dias no Hospital Municipal Albert Sabin, onde passou seu aniversário, comemorado no dia 30 de junho. "Olha só o meu presente", disse ele, apontando para o colete cervical que terá de usar por tempo indeterminado. Por conta da fratura na coluna, só pode tirá-lo para dormir e ao tomar banho. A peça foi confeccionada pela Associação de Assistência à Criança Deficiente.

Mesmo assim, Syrio prefere ficar deitado a vestir a ‘armadura'. "Parece que me sufoca, machuca atrás. Até para ir ao banheiro preciso colocar e já é um sacrifício."

Syrio contou que não conhecia a motorista Lilian Souza de Freitas, que cobria folga do titular da linha, esse sim amigo do aposentado, dada à assiduidade com que se encontravam. "Lembro bem que quando o ônibus bateu na mureta e a motorista gritou para nós nos segurarmos firme", contou.

Doce e carismático, Syrio teve alta no sábado à noite e voltou para casa de ambulância, onde atendimento dos médicos. "Se Deus quiser, daqui a um mês ou dois já volto a jogar meu dominozinho."

 

Inquérito sobre o acidente ainda não foi concluído

 

O inquérito que apura as causas do acidente ainda não foi concluído. Alguns passageiros, como Syrio, ainda não foram ouvidos porque se recuperam de lesões e não compareceram ao 2º Distrito Policial de Santo André. As investigações estão sob responsabilidade do delegado-titular, Oswaldo Fuentes.

A motorista do coletivo, Lilian Souza de Freitas, disse à polícia que, ao desviar de carro que vinha na contramão na Rua Felipe Camarão, perdeu o controle do veículo e caiu na linha férrea.

Lilian sofreu traumatismo craniano. Ao receber alta, cinco dias depois do acidente, ela se refugiou na casa de uma irmã há 100km da Capital, para evitar o assédio da imprensa, Ela ainda está de licença do trabalho, na empresa Interbus.

A Prefeitura de Santo André, responsável pela reconstrução da mureta de proteção da ponte, ainda não iniciou as obras.




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