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Maestro português abre temporada da Sinfônica de Sto.André
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
24/05/2002 | 18:55
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A Orquestra Sinfônica de Santo André abre com uma atração internacional a temporada 2002 da série Concertos Grande ABC, promovida desde 1995 pela Associação Pró-Música. O convidado para as duas récitas deste sábado e domingo, às 20h, é o maestro português José Ferreira Lobo, atual titular da Orquestra do Norte, em Portugal. Ao seu lado, estará também a solista brasileira Elisa Fukuda (violino). As duas apresentações ocorrem no Teatro Municipal de Santo André, com entrada franca. Os ingressos devem ser retirados no local, com uma hora de antecedência.

O programa desses concertos é saboroso. Primeiramente, o público terá a oportunidade de conhecer a obra Staccato Brilhante, criada em 1988 pelo compositor português Joly Braga Santos. Depois, irá conferir o Concerto para Violino Op. 64, de Mendelssohn, e a famosa Sinfonia nº 9 – Do Novo Mundo, de Dvorák.

Esses concertos marcam, também, a estréia de Lobo no Brasil. Aos 47 anos, o maestro já conduziu orquestras em quase todos os pontos do mundo: dos Estados Unidos à China, passando por quase toda a Europa, Egito, Venezuela, Chile, Taiwan, Macau e México.

Simples e bem-humorado, Lobo diz que a vinda ao Brasil é a realização de um antigo desejo. Teve boas impressões da orquestra andreense nos ensaios ocorridos esta semana e não poupa elogios à solista Elisa Fukuda. “A violinista é extraordinária, muito talentosa, e conhecida também em Portugal. A orquestra, por sua vez, é jovem, flexível e oferece uma boa resposta em termos técnicos”, afirma ao Diário.

Lobo aposta na boa receptividade desse programa, que foi escolhido por ele e pelo titular da sinfônica andreense, Flavio Florence. “O Staccato Brilhante é acima de tudo um excelente exercício de orquestração. É uma pequena peça, com um tema que se desenvolve praticamente até o fim em uma espécie de espiral, cujo clímax está exatamente no final”, afirma.

“Jolyniano militante”, como faz questão de frisar, o maestro compara a posição de Joly à do expoente brasileiro Heitor Villa-Lobos. “Não queria ser tendencioso, mas de fato Joly é um grande nome em Portugal. Suas obras são inspiradas com temas muito bonitos e destaco a sua capacidade de orquestrar. Mas, acima de tudo, diria que ele foi um expressionista, e soube pintar como ninguém as paisagens portuguesas do campo”.

Lobo tem a preocupação de levar não só a música de Portugal a outros países como também criar novos públicos em seu país – desafio de orquestras no mundo inteiro. “O artista não é mais um ser distante, que vive numa redoma. Hoje, a orquestra tem de ir ao encontro do público”, afirma Lobo.

Para o maestro, é função do músico contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. “Se as orquestras não se aproximarem do público, cada vez mais ele será absorvido por outras alternativas que muitas vezes sequer dignificam. Há programas na TV que só servem para condicionar a capacidade de pensamento das pessoas. É um ultraje, um atentado à dignidade intelectual do ser humano”.

A Orquestra do Norte tem 50 componentes e faz 300 concertos ao ano, incluindo os didáticos e os de repertório. Lobo foi o fundador do grupo, que atende a 20 municípios da região Norte, mas apresenta-se em diversos países.




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