Ilustrador do Diário abre exposição hoje na Casa da Palavra, em Sto. André, com 50 personalidades
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Nair de Teffé (1886-1981) foi a primeira caricaturista do mundo. Nascida em berço aristocrático – era filha do Barão de Teffé – foi impedida de desenhar pelo simples fato de ser mulher. Para driblar o preconceito, usava em seus desenhos a assinatura Rian (o seu nome ao contrário), que em francês significava ‘nada’. Parou de fazer sua arte quando se tornou primeira-dama do País, ao se casar com Marechal Hermes da Fonseca, e só conseguiu voltar a esboçá-la ao ficar viúva. Ela era bela, culta e à frente de seu tempo.
E esta personalidade em questão é uma das 50 homenageadas pelo ilustrador do Diário, Fernandes, na exposição Mulheres de Fernandes, que será aberta hoje, às 15h, na Casa da Palavra Mário Quintana (Praça do Carmo, 171), em Santo André. A entrada é gratuita. “Para a exposição procurei pegar mulheres de várias áreas, música, letras, política, teatro, do desenho, líderes religiosas, grandes mulheres. É oportuno, neste momento que estamos vivendo, com um presidente machista (Jair Bolsonaro), além do triste aumento do feminicídio, falar sobre o poder das mulheres”, explica o artista. Segundo ele, alguns nomes, como o da própria Nair, foram feitos exclusivamente para a mostra, assim como a atriz Fernanda Montenegro, a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, entre outras.
“O mundo é muito machista. Desde a Bíblia a mulher é mostrada como se tivesse nascido de uma costela, mas a humanidade só existe por causa dela. O homem acha que domina as coisas, mas a mulher é tão superior... Não é possível que ainda tenha de lutar por igualdade. Essa exposição é uma homenagem também para as mulheres que sempre me inspiraram, como minha avó, mãe, minha mulher e minha filha”, completa Fernandes.
Um fã do trabalho de Nair, até em razão de exercerem o mesmo ofício, ele ressalta a importância que ela teve na história da arte. “Ela tinha um traço belíssimo, bem moderno, admiro muito o seu trabalho. E é uma pena que tenha conseguido voltar a desenhar apenas quando ficou viúva. Era um talento absurdo.”
Para os desenhos, o ilustrador usou técnicas diversas (colagem, nanquim, caneta esferográfica, pincel, grafite) e apenas três nomes são vistos em mais de uma versão na mostra: a vereadora assassinada em 2018 Marielle Franco, a cantora Elza Soares e a comediante Dercy Gonçalves. E grande parte dos desenhos já foi publicada no Diário, como é o caso da artista Frida Kahlo e a primeira-dama da argentina Eva Perón.
Em todas as imagens, ressalta Fernandes, há um breve relato sobre as personalidades homenageadas – e ele evitou citar no texto com quem elas foram casadas. “Cada uma tem sua própria história para contar”, finaliza.
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