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Shoppings fecham cerco a fumantes
Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
10/04/2005 | 20:44
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Agora é para valer. O cerco se fecha rapidamente para fumantes que freqüentam shoppings na região. Uma tomada de decisão coletiva por parte dos estabelecimentos tem levado seguranças a abordar gentilmente quem está fumando no interior dos centros comerciais e pedir que os cigarros sejam apagados. A alternativa para quem se recusa a fazê-lo, na maioria dos shoppings, é o caminho da rua.

Não se sabe o quê exatamente motivou a iniciativa, mas o fato é que shoppings do Grande ABC e alguns de São Paulo passaram a atuar da mesma forma ao mesmo tempo. Antes que o leitor pergunte, não se trata de nenhuma nova lei. Todas as leis que versam sobre o assunto nos níveis municipal, estadual e federal são relativamente antigas. Mas, no melhor estilo brasileiro, a tolerância máxima à transgressão costumava ser tônica, até porque a fiscalização não existe no nível governamental. Ao que parece, os chamados fumantes passivos é que começaram a perder paciência e passaram a exigir providências.

“Começaram a surgir reclamações de não-fumantes. O shopping era tolerante, mas houve abuso”, justifica Augusto Serrano, assessor de comunicação do Shopping ABC Plaza, em Santo André, cuja administração pretende eliminar todos os cinzeiros instalados nos corredores em curto prazo. Fumante desde os 14 anos, Serrano conta que a maioria dos clientes fumantes reage bem à medida, fato que foi constatado durante uma visita do Diário ao shopping. O Plaza têm vários acessos e é horizontal, ou seja, está quase totalmente instalado em apenas um piso (apenas cinemas e uma área de diversões ficam em pavimento superior). Assim, os clientes não encontram dificuldades para entrar e sair a qualquer momento do espaço o que, no caso, facilita as coisas.

O mesmo não pode ser dito sobre outro shopping de Santo André, o ABC, localizado na avenida Pereira Barreto. No prédio vertical, o fumante que se sentir obrigado a sair pode ter de dar várias voltas em escadas rolantes ou enfrentar fila para entrar no elevador, o que pode chatear os mais impacientes. Em nota enviada pela assessoria de comunicação, o superintendente do shopping, Antonio Carlos Ferrite Sampaio, informa que “é proibido fumar no shopping mas as pessoas nem sempre atentam para a lei.” A nota informa ainda que há placas em todos os pisos e áreas nos estacionamentos com cinzeiros para os fumantes. “Os seguranças costumam alertar os freqüentadores que estiverem fumando, notadamente na praça de alimentação, pedindo gentilmente que apaguem seus cigarros”, diz a nota.

O Metrópole, no Centro de São Bernardo, encontrou uma maneira simpática de persuadir os fumantes a fazer a coisa certa. O segurança oferece uma bala com um cartão ao cliente que está fumando. O cartãozinho contém a seguinte mensagem: “A lei federal 9.294 de 15/7/96 proíbe a prática do fumo em recinto privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim”. A propósito, a sutileza é sempre mandamento quando o assunto é abordar clientes nos shoppings. Afinal, o objetivo de agradar não-fumantes não pode atropelar a regra de agradar a todos potenciais consumidores, fumantes ou não. “No interior do Metrópole não é permitido fumar. Mas a política é de orientar os clientes, sem jamais obrigá-los a sair do shopping”, diz a nota enviada pela assessoria de comunicação do shopping. “O Metrópole disponibiliza áreas externas, com bancos e cinzeiros, para fumantes”, acrescenta o texto. Portanto, de uma forma ou de outra, está implícito que o fumante é sempre convidado a sair, já que os fumódromos estão na área externa.

Outro grande shopping da região, o Mauá Plaza, lança mão da lei municipal 2.378, de 1989, que dispõe sobre posturas municipais e inclui a proibição do fumo em locais de trânsito ou permanência de pessoas. Mas o shopping de Mauá parece ser bem mais tolerante do que os demais centros comerciais da região. “Por meio de placas e avisos, os clientes do Mauá Plaza sabem que não podem fumar, mas não cabe a nós fiscalizar isso e sim a um órgão responsável”, justifica-se o estabelecimento em nota enviada pela assessoria de imprensa.

“Sabemos que alguns clientes fumantes não respeitam os avisos e fumam nos locais inadequados, por se tratar de um vício. Por essa razão, colocamos cinzeiros por todo nosso estabelecimento para que, além do problema do cigarro, não tenhamos problemas com sujeira decorrente desse vício (cinzas, bitucas etc)”, complementa a nota. No entanto, quem a redigiu não parece se dar conta de que o “problema da sujeira” é insignificante diante dos males provocados pelo cigarro à saúde, para fumantes e todos aqueles que aspiram a fumaça.



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