A dúvida do grupo formado por Gustavo Dahl, Andrucha Waddington, José Carlos Avelar, Ana Maria Bahiana e Luís Carlos Merten não é simplesmente escolher a melhor obra em termos de qualidade, mas sim a que tem reais chances de trazer para cá a primeira estatueta na história do cinema nacional.
Os títulos que estarão no centro da discussão acalorada são: Abril Despedaçado, de Walter Salles; Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho; O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr.; Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky; Tainá, de Tânia Lamarca e Sérgio Block; Memórias Póstumas, de André Klotzel; Tolerância, de Carlos Gerbase; Copacabana, de Carla Camurati; A Hora Marcada, de Marcelo Taranto; e Netto Perde sua Alma, de Beto Souza e Tabajara Ruas.
Segundo Luiz Bolognesi, roteirista de Bicho, o mais premiado entre os concorrentes, o representante brasileiro será Abril Despedaçado. “O filme conta com um poderoso distribuidor, que é seu maior mérito”, disse. O distribuidor a que ele se refere é a Miramax Films, que comprou por US$ 4 milhões os direitos de distribuição mundial de Abril Despedaçado, com exceção do Brasil, da França e da Suíça.
Outro poderoso aliado é o produtor Artur Cohn, conceituado entre os independentes e vencedor de seis Oscar. O plano já está traçado: se confirmada sua indicação como representante brasileiro, o filme será trabalhado pela Miramax nos Estados Unidos. E, se constar entre os cinco finalistas no anúncio da academia, deverá estrear na mesma época nos circuitos de São Paulo e Rio.
Bruno Wainer, diretor da Lumière, distribuidora do filme no Brasil, acredita que Abril Despedaçado seria o melhor candidato brasileiro no Oscar. “Temos de pensar de acordo com as regras do jogo: não estamos escolhendo o melhor longa do ano, mas aquele que tem mais chances de ganhar a estatueta”, comenta. “E o momento é ideal, pois, se Central do Brasil disputou com um grande concorrente (o italiano A Vida É Bela), agora não parece existir nenhum candidato à altura”. Wainer se esquece, por exemplo, das fortes chances de outro possível candidato da Itália, O Quarto do Filho, de Nanni Moretti, que já ganhou em Cannes.
O escolhido participa da seleção que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas realiza com candidatos do mundo inteiro. O anúncio dos cinco finalistas sai em fevereiro.
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