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Burocracia adia passeio de trem em Paranapiacaba
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
14/04/2005 | 13:36
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A expectativa de mais de 13 anos da passagem do trem turístico por Paranapiacaba continua por tempo indeterminado. Mais uma vez, o projeto de retomada do passeio enfrenta entraves burocráticos para sair do papel. A ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) descarta que o roteiro comece a operar até julho deste ano, cronograma anteriormente previsto pela entidade em entrevista concedida ao Diário em dezembro do ano passado. E admite que a razão foi a perda de prazo de entrega de documentação à Caixa Econômica Federal. A associação e a Prefeitura de Santos encabeçam o projeto, que prevê financiamento do Ministério do Turismo.

A proposta é ter como ponto de partida o Museu do Imigrante, no bairro Bresser, ou a estação da Luz, ambos na capital, com destino à estação de trem histórica de Valongo, em Santos. No trecho, estaria prevista uma parada em Paranapiacaba, ponto tombado por órgãos do patrimônio histórico. A idéia é revitalizar a antiga estação de tijolinhos da vila, com seu imponente relógio em estilo britânico do século XIX. No local, passou pela última vez um trem de passageiros, em dezembro de 1996. Hoje, a estação encontra-se no ostracismo, com sucatas de antigos trens recobertas por limo. O passeio valorizaria as atrações da vila em processo de recuperação, como o Castelinho, o Clube União Lyra Serrano (ver reportagem ao lado), entre outros pontos de Paranapiacaba.

“O projeto foi adiado porque não conseguimos entregar até o final do ano passado os documentos exigidos pela Caixa Econômica Federal para liberar uma verba de R$ 400 mil do Ministério de Turismo. O dinheiro é para restaurarmos o trem que deverá fazer o passeio. Como nossa entidade é sem fins lucrativos, ainda precisamos providenciar certidões negativas de INSS e FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço)”, justifica Elias Araújo, diretor de patrimônio Nacional da ABPF. Apesar do contratempo, ele considera as exigências necessárias “porque a verba pública tem de ser tratada com critério”.

Recomeço –”Até o final deste mês, devemos entregar a papelada. Quando a verba for liberada pela Caixa, em dois meses conseguiremos restaurar as composições”, estima o diretor da ABPF. No entanto, isso não significa que o prazo para início da operação possa ser estimado. As viagens seriam feitas por dois vagões de aço-carbono, com capacidade para 150 pessoas. Está previsto ainda um vagão-restaurante. Esses trens são de 1952 e foram usados para transporte de passageiros no interior paulista.

A Prefeitura de Santos continua trabalhando no processo de revitalização da Estação do Valongo, independentemente do financiamento do Ministério do Turismo. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Governo, em sete meses será entregue o complexo turístico, com novas plataformas e salões de exposição. Estão sendo investidos R$ 1,4 milhão (verba própria da Prefeitura) no empreendimento.

A intenção é que o passeio seja oferecido primeiramente aos finais de semana. Para isso, teria de haver acordo entre a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitano) e a MRS Logística, empresa que faz transporte de cargas na linha, que definiriam os horários em que o trem de passeio estaria liberado para passar.

Paranapiacaba –Na semana que vem, Elias Araújo, diretor da ABPF, terá reunião com o subprefeito de Paranapiacaba e Parque Andreense, João Ricardo Guimarães, para discutir a participação da vila no trajeto. “Vamos propor que seja feito um city tour em Paranapiacaba durante a parada. Temos como oferecer uma proposta para o dia inteiro ou para atividades de até duas horas”, entusiasma-se Guimarães. Ele menciona como pontos de visita o Clube União Lyra Serrano, o Castelinho e parte do Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Na área verde, além de trilhas, existe o circuito de arborismo (prova de obstáculos suspensos por árvores).

Nessa reunião, também será discutida a transferência da gestão do Museu Tecnológico dos Funiculares – que é acervo da memória ferroviária relativa ao sistema de tração com cabo de aço, criado em 1867 pela São Paulo Railway – para a ABPF, que pertencia desde o final da década de 1940 à RFFSA (Rede Ferroviária Federal). Isso deverá acontecer porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva extingüiu a empresa ferroviária (criada em 1957), por meio de medida provisória publicada no último dia 6.

“É interessante que os monitores da vila continuem a levar visitantes ao local. O espaço ainda está bem cuidado. A subprefeitura também vai propor continuar a auxiliar a operação do museu, em questões de limpeza e manutenção. Para nós interessa ter o local bem mantido”, diz o subprefeito João Ricardo Guimarães.



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