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Córregos levam sujeira para a represa Billings
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
04/03/2007 | 22:19
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Sem proteção ou qualquer tipo de fiscalização ambiental, o caminho da sujeira proveniente da população que vive nas áreas de manancial da região só encontra um destino: a Billings. O esgoto cai direto nos córregos que abastecem a represa. O resultado é desastroso tanto para a natureza quanto para a saúde das pessoas, que convivem, diariamente, com o mau cheiro nas ruas improvisadas pelo processo de ocupação.

Análises mensais feitas por voluntários do MDV (Movimento de Defesa da Vida), em parceria com ONGs, escolas e universidades, mostram o tamanho do problema. Apenas dois, dos 73 córregos existentes na área, receberam notas positivas durante estudos realizados nos últimos três anos.

Com exceção dos afluentes da Gruta Santa Luzia, em Mauá, e Parque Los Angeles, em São Bernardo, os demais têm classificações que variam entre péssima e ruim. Ao lado da nascente da represa, em Rio Grande da Serra, a situação é calamitante. O córrego Fumagali já adensou boa parte da área da Billings, que perde, anualmente, sua capacidade de armazenamento.

No bairro de Eldorado, em Diadema, o cenário é o mesmo. Segundo o ambientalista Virgílio Faria, o córrego Grota Funda, na estrada do Alvarenga, é puro esgoto. “As pessoas jogam lixo diretamente aqui. Não existe barreira alguma que impeça a sujeira de ir parar na represa”, diz. Os moradores não negam a acusação. Pelo contrário. Assumem o erro e mostram a total falta de consciência ambiental que colabora para piorar ainda mais o quadro dos sistemas que envolvem o reservatório.

A estudante Jéssica Matos de Oliveira, 15 anos, é sincera. “A gente não tem local para jogar o lixo, então, acaba levando no mato ou nos rios mesmo. Sei que é ruim, o cheiro é insuportável, às vezes, mas não tem outra saída”, afirma.

Mas, diferentemente do que a estudante pensa, a solução ainda é possível e não exige grandes investimentos. Especialistas garantem que a ‘cura’ está na criação de uma rede de proteção aos ecossistemas que abastecem a represa. A lista de ações necessárias para reverter o quadro atual inclui, em primeiro lugar, ações de educação ambiental. Se os moradores, mesmo os que ocupam a área de forma irregular, não aprenderem a respeitar a natureza, não adianta promover limpeza dos córregos ou coleta de lixo.

A implantação de um sistema de saneamento que contemple a todos também é essencial, já que o processo de desocupação é muito mais difícil de ser alcançado. “Já se paga por serviços de água e luz, por que impedir a captação e coleta de esgoto? Não tem lógica. Se as prefeituras não conseguem impedir o avanço populacional que impeçam a poluição da represa”, pede Faria.




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