Memória Titulo
Lembranças do delegado Nivaldo Leme

Engano deste jornalista, na edição de 18 de abril, possibilitou contato com a família do delegado Nivaldo José Squilacci Leme

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
25/04/2010 | 00:00
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Engano deste jornalista, na edição de 18 de abril, possibilitou contato com a família do delegado Nivaldo José Squilacci Leme, hoje aposentado, que trabalhou na Seccional de Polícia do Grande ABC. O engano: confundimos a foto do Dr. Nivaldo com a de Ricardo Nacin, delegado do DRT em 1980. Pedro Luiz Squilacci Leme nos corrige e oferece as informações que se seguem. Vida longa ao Dr. Nivaldo.

RECONHECIMENTO
O Dr. Nivaldo foi delegado muitos anos na região, galgando todos os postos na carreira e foi eleito um dos cinco mais úteis de São Bernardo em 1975, tendo recebido homenagens na Câmara Municipal. Aposentou-se após desempenhar as atribuições de delegado regional em São Paulo: foi responsável pela antiga Delegacia Regional da Periferia.

A INTERVENÇÃO
Durante o conturbado período das greves da década de 1980, Dr. Nivaldo respondia pelo Setor de Informações da Delegacia Seccional do Grande ABC e, embora sendo funcionário público estadual, foi um hábil negociador durante a crise e sempre tentou um tom conciliador com o presidente do sindicato, Luiz Inácio Lula da Silva, mas não conseguiu evitar a intervenção em função da intransigência de muitas posições assumidas pelo sindicato.

SÃO BERNARDO
Dr. Nivaldo Leme chegou a São Bernardo em 1967. Trabalhou, ainda, na antiga delegacia da Rua Américo Brasiliense. Ocupou vários cargos. Por um bom tempo foi diretor da cadeia e desenvolveu um interessante trabalho socioeducativo com os presos - iniciativa inovadora para a época. Foi montada uma oficina mecânica onde os presos com bom comportamento podiam trabalhar e consertar as viaturas policiais, uma vez que a polícia da cidade só dispunha de poucos carros, já antigos, que necessitavam muitos cuidados.

UM CASO
Dr. Nivaldo também ajudou a elucidar o caso do assassinato do primeiro marido de dona Marisa Letícia (atual primeira dama), morto por um perigoso assaltante, deixando-a viúva com um filho ainda pequeno. O criminoso foi preso em Guarulhos após cometer crime semelhante, possibilitando a resolução do caso.

SECCIONAL
Trabalhou por muitos anos na Delegacia Seccional do ABC, localizada na Rua Marechal Deodoro. Os prédios das duas delegacias citadas já foram demolidos. Durante a década de 1970 trabalhou no Serviço de Informações da Seccional, época difícil, onde se deparou com inúmeras greves. Estava presente no dia da intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos.

Estou anexando a cópia de uma folha da revista Veja de 1979, com fotos do dia, onde aparece ao lado do prefeito da cidade, Tito Costa, e do então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Lula.

Na década de 1980, Dr. Nivaldo chegou a ser delegado seccional do Grande ABC. Sempre morou em São Bernardo. Recebeu o título de Policial do Mês nesta época. Aposentou-se em 1987.

TRINTA ANOS DEPOIS...
Atualmente, Dr. Nivaldo encontra-se com 81 anos, um tanto fragilizado, mas com vivas memórias desta época tão marcante em nossas vidas.

EM 25 DE ABRIL DE...
1975 - Instalada a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Ferrazópolis, São Bernardo, pelo bispo diocesano dom Jorge Marcos de Oliveira. A nova paróquia se desmembra da Paróquia de Santa Terezinha e passa a ser administrada pelo diácono Franco Chippari, ordenado pelo próprio dom Jorge em 1º de maio de 1973. Diácono Franco está à frente da paróquia todos esses anos. A igreja localiza-se à Rua Silveira Sampaio, 109, Bairro Ferrazópolis.

Os 35 anos da Paróquia de Ferrazópolis serão lembrados hoje, às 16h, com ato litúrgico presidido pelo cônego Belisário Elias de Souza, da Paróquia Imaculada Conceição de Mauá.

HOJE
Dia Mundial de Orações pelas Vocações, Dia Mundial da ONU (Organização das Nações Unidas), Dia do Amor e Dia do Contabilista.

A greve dos 41 dias - 25º dia
O apoio à greve dos metalúrgicos do Grande ABC vinha também do Interior. Em Piracicaba, organizava-se a venda de bônus em pedágios montados nas principais ruas. O Diário publicava os nomes das empresas e os índices de adesão à greve.

Turma do Rudge
Aqueles jovens que fizeram história no antigo bairro dos Meninos

Aniversário de hoje: Admir Campoi, o Fumeta. Ele nasceu em São Sebastião do Paraíso (MG) em 25 de abril de 1944. Reside em Rudge Ramos desde bebê. É motorista rodoviário.

SANTOS DO DIA
Calista, Evódio e Marcos.

Na estampa, Marcos ou João Marcos, que foi discípulo de Pedro, acompanhou Paulo, redigiu o segundo Evangelho e pregou no Egito.

Crédito da estampa: acervo Vangelista Bazani (Gili) e João de Deus Martinez.

FALECIMENTOS
Na Espanha, Enrique Villar Arce foi preso político, pois era contrário ao regime do ditador Francisco Franco. Ele e a esposa já haviam enfrentado guerra civil. Os sonhos de liberdade estavam distantes. Isso tudo contribuiu para que a família decidisse mudar para o Brasil. E entre a Mooca e Santo André, Enrique viveu por quase 60 anos, feliz com a nova Pátria, mas jamais aceitando a ideia de naturalizar-se brasileiro.

Enrique veio como imigrante. Desembarcou em Santos em 25 de janeiro de 1953. Subiu a serra já com serviço certo de caldeireiro, e sua primeira moradia foi uma pensão. Trabalhou duro. Descobriu Santo André. Comprou um terreno na nascente Vila Lucinda. Passou a ter um regime de trabalho de 16 horas diárias para poder pagar as prestações do lote, erigir a sua casa - por conta própria, e aos domingos - e ter o que enviar à Espanha para as despesas de sua mulher, Celia Villar Leirosa, e da pequena Dolores, sua filha. Demorou seis anos para que a casinha ficasse pronta e ele pudesse, enfim, trazer mulher e filha para o Brasil.

Na antiga metalúrgica Turin, em Santo André, Enrique tornou-se chefe da caldeiraria. Para ele, o trabalho e a família eram tudo. "Era extremamente honesto. Considerava a palavra empenhada muito mais que uma nota promissória. Era sempre prestativo para com os vizinhos", relata Maria Elena Vilar e Vilar, sua segunda filha, nascida na Vila Lucinda e professora universitária na Fundação Santo André.

Enrique dizia que não tinha dívida financeira, mas obrigação aos vizinhos, de um tempo em que o mutirão e a amizade eram fortes numa vizinhança sem muros e onde quem tinha água de poço fornecia ao outro, quem precisasse de auxílio tinha a quem recorrer. Sempre foi engajado. Lia três jornais por dia, inclusive o Diário. Acompanhava pela TV as sessões no Senado e na Câmara. Gostava muito da política partidária. E partiu aos 91 anos. Está sepultado no Cemitério do Curuçá.




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