A vigilância sanitária pretende promover inspeções rotineiras em postos de combustível a partir deste ano. O anúncio foi feito ontem pela Secretaria de Estado da Saúde e o objetivo principal é proteger os frentistas - e, consequentemente, quem passa pelos estabelecimentos.
O Diário esteve ontem em diversos postos da região e pôde notar que as infrações são mais comuns do que se imagina. Funcionários vestidos inadequadamente, excessivamente expostos aos vapores da bomba e carregando as indefectíveis flanelas encharcadas nos bolsos são personagens comuns.
Os clientes colaboram com os riscos ao abastecerem com celulares ligados e cigarros acesos - isso quando não transportam gasolina em embalagens impróprias, como garrafas pet de dois litros.
A Divisão de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado quer acabar com isso ou pelo menos diminuir a incidência de infrações. Ao lado da Baixada Santista e de Campinas, o Grande ABC será parte do projeto piloto de fiscalização já a partir de setembro. Em 2010, o programa será estendido aos demais municípios de São Paulo.
Os vapores emitidos pelos combustíveis (com componentes cancerígenos, como o benzeno) são inegavelmente a principal preocupação. Encher o tanque "até a boca" a pedido do cliente, por exemplo, e se abaixar para ouvir a "gasolina chegando" é a gota final de um processo que tem tudo para prejudicar a saúde do trabalhador. "A bomba e o bico automático evitariam essa proximidade", afirma a diretora da divisão, Simone Alves dos Santos.
Os problemas não ficam restritos aos vapores. Em alguns casos, falta sinalização de segurança, fluxo definido de entrada e saída e redutores de velocidade. Muitos postos se tornaram grandes lojas de conveniência, vendem de tudo e têm um tráfego relevante de pedestres entre as bombas. "São medidas importantes para reduzir o risco de atropelamento", explica Simone.
Instalações elétricas adequadas, sem fios expostos, colaboram com a segurança nos postos. Uma faísca é tudo o que não pode acontecer em um ambiente propício a explosões, com milhares de litros de combustível.
O piso de fácil limpeza e regular é fundamental. Serve para evitar a contaminação do solo, assim como as canaletas, que impedem a dispersão para a calçada e áreas externas ao posto. Se a higiene adequada é boa para o frentista, melhor ainda para a população do entorno do estabelecimento, também suscetível a danos ambientais. O descarte adequado de embalagens tóxicas deve ser respeitado. Ainda há postos no Grande ABC que passam longe destas regulamentações.
Quando sai do trabalho, o funcionário deve deixar as roupas de uso profissional, confeccionadas com tecido que não propaga fogo. "A lavagem é de responsabilidade do empregador, por conter material tóxico", explica. Situação incompatível com a realidade de quem se veste com a mesma calça jeans e camiseta com que vai para casa, coberto pelo próprio risco.
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