Em Santo André, a eleição de 2000, com Celso Daniel, foi a última a apresentar prefeito eleito e reeleito
A maioria dos prefeitos do Grande ABC deve ter desafio de quebrar tabu no processo eleitoral de 2020, que será termômetro também em relação à queda ou não da rejeição institucional ao PT na região, após pela primeira vez, há quatro anos, ficar fora do comando das sete cidades. Apesar da conjuntura política diferente em cada um dos municípios, o instituto da reeleição – avalizado em 1997 em Brasília – guarda particularidades entre si. Em Santo André, uma das principais cidades de São Paulo, o pleito de 2000, com o êxito de Celso Daniel (PT, morto em 2002 - foto, à dir., com João Avamileno), foi o último a contabilizar prefeito eleito e reeleito na cidade. Portanto, serão 20 anos de hiato.
Celso foi eleito prefeito em 1996, quando ainda não era permitida a reeleição, e se beneficiou com a mudança na legislação, concorrendo e vencendo o páreo subsequente. Na ocasião, primeira empreitada justamente com essa possibilidade, Celso obteve 70,13% dos votos (250,5 mil adesões), o que rendeu vitória na etapa inicial ao disputar apenas contra quatro adversários. Segundo colocado, Celso Russomanno (Republicanos), hoje deputado, atingiu 22,44% dos sufrágios (80,1 mil). Com a morte de Celso, o vice João Avamileno (SD, então no PT) assumiu o posto durante o mandato e teve êxito em 2004, numa eleição acirrada diante do ex-prefeito Newton Brandão.
De lá para cá, somente reveses governistas. Avamileno não emplacou aliado em 2008 (Vanderlei Siraque, PCdoB) e os sucessores Aidan Ravin (Podemos) e Carlos Grana (PT) não conseguiram renovar o mandato em 2012 e 2016, respectivamente.
O atual prefeito Paulo Serra (PSDB) irá participar do processo e reconhece o histórico, mas avalia que existe desta vez clima favorável. “Temos sentido compreensão e aceitação grande. Até porque a cidade não está próxima da perfeição que a gente deseja, mas temos certeza, e as pessoas cada vez mais entendem isso, que reencontramos o caminho. Talvez seja o retorno. A cidade precisa de continuidade. Interrupção de processos, dependendo de como ela ocorre, pode ser prejudicial. Santo André sofreu muito também com isso. Não foi só incompetência. Agora, entramos em bom momento, de entregas.”
São Caetano, com José Auricchio Júnior (PSDB), e Ribeirão Pires, com Adler Kiko Teixeira (PSB), têm cenários semelhantes, além da similaridade de os políticos buscarem o quarto mandato, o que seria inédito na região. Nas duas cidades houve troca de governo há quatro anos, frente a quadro de rejeição. Apesar do histórico de reeleição em ambas, a população resolveu alterar o rumo em 2016. Coincidentemente, a situação aconteceu com prefeitos de primeiro mandato e ex-vereadores – Paulo Pinheiro (DEM) e Saulo Benevides (Avante). Anteriormente, duas figuras alcançaram sucesso nas duas. O próprio Auricchio e Luiz Tortorello (PTB), de um lado em projetos de continuidade, e Maria Inês Soares (PT) e Clóvis Volpi (PL), com a diferença que Volpi foi sucessor de Maria Inês com plano antagônico.
Outro panorama parecido se deu em Mauá, onde o então prefeito Donisete Braga (Pros, ex-PT) também sofreu revés há quatro anos. Embora Oswaldo Dias (PT) tenha registrado reeleição em 2000, os pleitos consecutivos mostraram sequências de descontinuidade, com Leonel Damo, retorno de Oswaldo, manobra para tirar o então chefe do Executivo do páreo, e depois Donisete. Na última, Atila Jacomussi (PSB) foi responsável por manter a sina ao derrotar o ex-petista. Com histórico ligado ao PT, Diadema, por sua vez, viu duas vezes eleito, nos últimos oito anos, o ex-tucano Lauro Michels (PV – confira mais informações abaixo).
São Bernardo e Rio Grande da Serra, atualmente geridas por Orlando Morando (PSDB) e Gabriel Maranhão (Cidadania), respectivamente, vivem quadro oposto. Ambas viram os três últimos prefeitos sendo reeleitos, ainda que com características de quebra de projetos ao fim do ciclo à frente do Executivo. A primeira contou com Mauricio Soares, William Dib e Luiz Marinho (PT), enquanto a segunda reelegeu Ramon Velásquez (PT, uma em pleito suplementar), Kiko e Maranhão.
Se eleger sucessor, Lauro manterá ciclo que se repete desde 2000
Prestes a encerrar seu segundo mandato, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), terá a missão de eleger o sucessor e, assim, manter ciclo que se repete pelo menos desde 2000, primeiro pleito com reeleição instituída.Nas últimas duas décadas, as disputas pela Prefeitura de Diadema registraram sequência curiosa. De lá para cá, prefeitos perderam a reeleição, o vencedor conseguiu renovar o mandato e, quatro anos mais tarde, elegeu sucessor. Exatamente nessa ordem.
Tem sido assim pelo menos desde a eleição de 2000, quando o então prefeito Gilson Menezes (PSB) perdeu a reeleição para a oposição, capitaneada por José de Filippi Júnior (PT). Em 2004, o petista conquistou o segundo mandato em disputa acirrada no segundo turno contra o ex-prefeito José Augusto da Silva Ramos (PSDB). Quatro anos depois, Filippi fez seu sucessor: o então deputado estadual Mário Reali (PT), no primeiro turno, contra Zé Augusto.
O desgaste de 12 anos ininterruptos de gestões petistas na cidade arranhou a campanha de Reali à reeleição, em 2012, e o ciclo voltou a se repetir com a vitória da oposição. Então vereador pelo PSDB, Lauro migrou para o PV e venceu a corrida pelo Paço no segundo turno. Em 2016, Lauro conquistou a reeleição.
Semelhante a Filippi, que em 2002 pavimentou campanha vitoriosa de Reali à Assembleia Legislativa com suporte da máquina pública, Lauro patrocinou o projeto de quem ele viria a escolher como candidato à sucessão: o hoje deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos). O parlamentar, porém, rejeitou ser o prefeiturável governista. Agora, esse projeto foi confiado ao presidente da Câmara, Pretinho do Água Santa (DEM) e à secretária Regina Gonçalves (PV, Habitação).
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