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Projeto de poesia traz vocalista pernambucana em Sto.André
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
02/04/2003 | 20:19
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Lirinha, vocalista do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado, é a atração de quinta-feira no Sesc Santo André dentro do projeto A Poesia por Ela Mesma, que tem entrada franca. O vocalista lerá poesias de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e de Mário Quintana (1906-1994). O evento está relacionado ao Dia Nacional da Poesia, celebrado em 14 de março, data de nascimento de Castro Alves (1847-1871), autor de Espumas Flutuantes.

O tema é a metalinguagem. Lirinha começa com um poema de Quintana e depois passa a João Cabral. “São poesias complexas, grandes, em que João Cabral fala sobre a forma de escrever. É uma poesia de construção, mais racional, menos ligada à inspiração”, afirma.

Lirinha procurará dar naturalidade à leitura: “João Cabral era contra um tom oratório, parnasiano e considerava sua poesia anti-musical. Quero valorizar a poesia dele, a forma como ele a entendia”. Utilizará, porém, recursos de áudio. “Usarei um sampler. Mas não há bases musicais. São ruídos, sons. Estarei dialogando com minha própria voz e com a de João Cabral”, diz.

A pesquisa abriu horizontes para Lirinha. “Não tinha conhecimento de metalinguagem, descobri o quanto ela está presente no cinema, nas artes plásticas. Isso criou um desafio para mim. O espetáculo que domino é outro. Mas estou bastante envolvido, é legal passar por outras possibilidades na carreira”, afirma.

Lado a lado, as poesias de Quintana e de João Cabral se colocam em oposição. “Quintana é mais leve, tem uma liguagem mais coloquial. É um poeta muito livre, escreve como se estivesse falando com a gente. É diferente de João Cabral, que fala sobre o processo exaustivo de edificação do poema e chega a ser até meio angustiante. Essas contradições formam contrapontos férteis para o surgimento de novas coisas”, diz.

A organização do evento sugeriu os poemas a Lirinha, que os acolheu. “A princípio, a idéia era utilizar minha experiência no ambiente de teatro, e também a musical, para moldar a apresentação. Fiz uma leitura cênica de Morte e Vida Severina (a obra mais conhecida de João Cabral) no Sesc Vila Mariana (em São Paulo), no ano passado”, afirma. Lirinha descartou Vinicius de Morais da leitura: “É uma poesia mais lírica e rebuscada, mas ficaria redundante”.

A Poesia por Ela Mesma – Recital. Com Lirinha. Quinta, às 20h. No Sesc Santo André – r. Tamarutaca, 302, Santo André. Tel.: 4469-1250. Entrada franca.




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