Depois de quase 40 dias em tramitação no Fórum de Santo André, foi instaurado ontem o inquérito policial que investigará se a conduta da advogada Ana Lúcia Assad, defensora de Lindemberg Alves Fernandes, configurou crime contra a honra da juíza Milena Dias, responsável pelo julgamento do assassino confesso de Eloá Cristina Pimentel.

A juíza da 1ª Vara Criminal de Santo André, Maria Lucinda da Costa, autorizou o procedimento a pedido da promotora criminal Iusara Brandão de Almeida, que também irá apurar a conduta de Ana Lúcia - o júri ocorreu de 13 a 16 de fevereiro no Fórum andreense.

Durante o julgamento, a advogada chegou a dizer que a juíza deveria "voltar a estudar", fato que constrangeu até mesmo a plateia atenta ao desfecho do maior cárcere privado do País. Alguns entendem ter havido crime contra a honra da magistrada.

O que não é compartilhado por Ana Lúcia nem pelo criminalista Antonio Ruiz Filho, advogado de defesa em nome da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo). "Estamos convencidos de que não ocorreu crime algum", afirmou, convicto.

Nos próximos dias, a defesa de Ana Lúcia deve partir para o contra-ataque. "Tomaremos providências para que esse inquérito policial seja trancado", afirmou. Um habeas corpus será impetrado pela OAB.

O inquérito policial foi instaurado na Delegacia Seccional de Santo André.

O CASO
Em 13 de outubro de 2008, Lindemberg invadiu o apartamento e fez refém a ex-namorada Eloá, na época, com 15 anos, além de outros três amigos da jovem nascida e criada no Jardim Santo André, região da periferia. Quatro dias depois, o ex-motoboy atirou e matou a adolescente - Nayara Rodrigues da Silva, amiga da vítima fatal, também seria atingida com tiro no rosto.

Lindemberg, 25, foi condenado a 98 anos e dez meses de prisão - cumprirá 27 anos em regime fechado.