A câmera fotográfica digital tornou-se um sonho de consumo do brasileiro. Sem levar em conta o contrabando, devem ser vendidas 400 mil unidades em 2004 no país, ante 250 mil no ano passado, o que corresponde ao crescimento de 160%. Em 2002, a venda de câmeras digitais ultrapassou a de convencionais, com filmes de 35 milímetros, no Japão. Ano passado, o mesmo aconteceu nos EUA. No Brasil, devido ao preço, as digitais ainda estão longe de ser líderes do mercado. Em 2003, foram vendidas 2 milhões de câmeras convencionais. “Nos próximos cinco anos, não temos previsão de as câmeras digitais venderem mais que as convencionais”, afirmou Julie do Brasil, diretora de Saídas Fotográficas da Kodak brasileira.

A diferença de preços entre as plataformas analógica e digital cai rapidamente. Segundo o site de pesquisas de preços Buscapé, o preço médio da câmera digital caiu 47% em 20 meses. Em setembro de 2002, estava em R$ 3.160, passando a R$ 1.674 em abril deste ano. Para alguns modelos, a queda foi maior. Em um ano, o preço da Samsung Digimax 201 passou de R$ 1.340 para R$ 690. Também de acordo com o Buscapé, a Olympus Camedia D390 custava R$ 1.380 em maio de 2003 e hoje custa R$ 752.

As câmeras digitais mudaram o comportamento do consumidor e significaram um desafio para as empresas tradicionais de fotografia. Empresas como Kodak e Fuji precisaram se reinventar. “Em média, com a câmera digital, o consumidor registra o dobro de imagens”, disse Julie, da Kodak. Essa é a boa notícia. A má, para a indústria, é que o fotógrafo digital imprime menos fotos. As imagens passam a ser compartilhadas via e-mail e álbuns na Internet.

Mudanças são mais lentas nos países em desenvolvimento devido à má distribuição de renda. Aqui, o maior desafio da indústria é ampliar o mercado fotográfico e incluir 51% das residências “sem câmera”. Há cerca de 23 milhões de câmeras tradicionais e 500 mil digitais funcionando no país.