Cultura & Lazer Titulo Dança
O espetáculo Como (Des)construir um Macho?chega em Santo André

Cia. de dança de Santo André leva ao palco gestual que discute conduta preconceituosa

Richard Molina
Especial para o Diário
30/05/2019 | 07:43
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Divulgação


A Biz Cia. de Dança celebra 10 anos de existência nesta temporada e faz história no cenário artístico do Grande ABC. E, como mais um de seus projetos, com o apoio do Proac (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), o grupo apresenta em Santo André, sábado, o espetáculo Como (Des)construir um Macho?, resultado de pesquisa que buscou descobrir como o machismo cotidiano pode ser expressado pelo corpo por meio da dança contemporânea.

O espetáculo foi idealizado pelo bailarino e coreógrafo André Bizerra, coordenador da Escola Livre de Dança de Santo André, e inspirado pelo manifesto Homens, Libertem-se!, de coletivo de artistas de Minas Gerais. Bizerra conta como se deu o processo de criação do projeto. “Começamos a criar gestualidades que atravessavam o machismo, que nos pegavam, bailarinos e intérpretes e, a partir disso, foi se criando uma estrutura de trabalho coreográfico.” Apesar dessa base, ele explica que a peça muda a cada apresentação. “Não é só a dança em cima de uma métrica musical. É também pela relação com o tempo-presente. Nem improviso, nem coreografado, é ‘outro lugar’.”

Na construção e realização do projeto, o grupo já teve diversas experiências. Ao passar por cidades do Interior de São Paulo, por exemplo, encontraram cenários discrepantes, instigados apenas pelo nome da apresentação. “Em São José dos Campos, por causa do espetáculo, um movimento do MBL (Movimento Brasil Livre) falou que a prefeitura estava tentando transformar todos os homens em gays. Em Jacareí, a gente tinha uma escolta à paisana, que a prefeitura de lá pediu porque estavam bombardeando as redes sociais. Em contrapartida, em São José do Rio Preto a gente foi super bem recebido”, ele conta. “Lotou a casa, gente ficou em pé, fomentou uma discussão. Foi muito legal.”

O bailarino achou naturais essas reações inflamadas. “Muita gente não sabe do que se trata o espetáculo e já tira as próprias conclusões. Todo questionamento te tira do conforto, e as pessoas não sabem lidar com isso. A arte não está aí para apaziguar, ela vem para puxar o tapete e fazer pensar.”

Com dez anos de história, Bizerra recorda o processo de evolução da Biz. “Em 2009 eu não tinha pretensão nenhuma de ser uma companhia. Comecei com duas alunas e isso foi tomando uma grandiosidade por conta das pessoas, que foram reconhecendo o trabalho, fomentando essas discussões que permeiam o campo das artes aqui na região.”

A apresentação de sábado começa às 19h no Teatro Municipal de Santo André (Praça IV Centenário), e será seguida de encontro reflexivo com o elenco e dois convidados: os professores-doutores Odilon Roble, filósofo da Unicamp, e Adriana Taets, antropóloga titulada na USP. Foi Bizerra quem fez o convite aos dois. “Eles vêm para falar um pouco sobre o machismo com o público, a partir do olhar da filosofia e da antropologia.” A entrada é gratuita. 




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