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Maurício de Sousa lança livro
Do Diário do Grande ABC
28/04/1999 | 16:15
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O cartunista e empresário paulista Mauricio de Sousa, 63 anos, vende de 3 a 4 milhoes de revistas por mês no Brasil e no exterior. Edita a história em quadrinhos mais estável e longeva de todo o mundo. Emprega 300 funcionários, foi convidado para ser parceiro de uma revista internacional por Jim Davis (o criador do Garfield) e acaba de assinar contrato com a Rede Globo para inundar a telinha de mônicas e cebolinhas.

É provável que o público jamais venha a saber uma parte secreta da história de como foi construído o império de Sousa, a exemplo do que foi feito com a biografia nao autorizada de Walt Disney. Mas a outra parte - aquela que o próprio cartunista admite como sua história oficial - chegou às livrarias esta semana na forma de um ameno livro de crônicas.

"Navegando nas Letras" (Editora Globo), escrito pelo próprio Mauricio de Sousa, conta histórias dos seus mais de 40 anos como desenhista e criador de histórias. Foi lançado no domingo no Salao do Livro, em Sao Paulo, e nesta quarta na Bienal do Livro, no Rio. "O livro explica algumas coisas que nao tive tempo de explicar nas entrevistas", diz Sousa. "E é exatamente um pretexto para começar a minha biografia", confessa.

Tudo começou com uma tira do cachorro "Bidu", no antigo jornal Folha da Manha (atual Folha de S.Paulo), em 1959 - o aniversário vai ser comemorado este ano com uma ediçao especial, "Bidu 40 Anos". "Tento recolher algumas reminiscências da memória de maneira alegre, otimista", diz Sousa. "Mesmo a morte de um parente entra, no contexto geral, como uma coisa natural, por causa do meu temperamento", explica.

Influência principal - No livro, ele conta que sua principal influência foi o cartunista americano Will Eisner, o autor do "Spirit". "Nao no traço, mas na narrativa". Além de Eisner, foi influenciado pelo Ferdinando e pela Luluzinha, dois personagens de muito sucesso nos anos 60 e 70. Mauricio começou a vida como repórter. Logo a seguir, passou a desenhar tiras de jornal - durante dez anos, publicou em mais de 200 jornais.

A personagem Mônica, baseada na própria filha, foi criada em 1970. Cebolinha veio em 1971 e depois vieram Cascao, Magali e Pelezinho. Em 1971, Mauricio recebeu o prêmio Yellow Kid na Itália, um dos mais importantes do mundo dos quadrinhos. Mônica é o carro-chefe de Mauricio até hoje, mas há um personagem entre os demais que rivaliza com a dentuça mais forte do bairro: o caipira Chico Bento, uma espécie de Jeca Tatu teen. "O Chico Bento pega muito o público adulto também", conta.

Mônica é publicada em seis línguas. Depois do Brasil, curiosamente, o país que mais consome a revista é a Indonésia - que está em constante conflito com o Timor Leste, pequeno país que fala português. Mônica é publicada em javanês na Indonésia. "O português é um tabu na Indonésia; entao, eles nao costumam divulgar a origem da revista", conta o desenhista.

A partir deste ano, parte dos 150 personagens criados por Mauricio de Sousa estarao animando a tela da Globo, em vinhetas, desenhos animados de um minuto e de meia-hora e longas-metragens. É a nova investida da Mauricio de Sousa Produçoes, que está treinando 200 novos desenhistas para atender à demanda.

Segundo disse à empresária Marluce Dias, da Rede Globo, a exibiçao dos desenhos, sistematicamente, na televisao deve aumentar ainda mais as tiragens das revistas do grupo. Marluce calcula algo em torno de 1 milhao de novas revistas. Sousa também pretende fazer nova investida no mercado latino-americano que andava meio subestimado. Criou uma divisao latino-americana da sua empresa e espera estar em 40 países do mundo todo até 2000.

O livro "Navegando nas Letras" traz também fotografias dos encontros ilustres de Mauricio, entre eles a atriz norte-americana Kim Bassinger, que deverá ser sua sócia num parque temático perto de Atlanta, na Georgia. Kim adiou o projeto para ter um filho, mas continua em negociaçoes com o escritório de Mauricio de Sousa em Nova York.




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