O cansaço não tem hora nem local para chegar. Pelo menos foi o que constatou fotógrafo francês Pierre Verger (1902-1996), que viveu grande parte da sua vida em Salvador, na Bahia. Durante suas viagens pelo mundo, ele acumulou imagens de pessoas descansando em locais públicos e, de uma seleção feita pelo curador Raphael Fonseca, nasceu a exposição Dorminhocos, que acaba de chegar no Sesc Santo André.

Ao todo, são 98 fotografias – que integram o acervo da Fundação Pierre Veger – que exibem o ponto de vista característico do francês a partir de fotografias produzidas entre as décadas de 1930 e 1950, em países como Argentina, Peru, Congo, China, Polinésia Francesa, Guatemala e México. No Brasil, fez registro dos dorminhocos na Bahia, Pernambuco e Maranhão.

Em tons de preto e branco, as imagens contextualizam o trabalho como uma atividade melancólica. Entre elas está a de um homem que dorme sobre o lombo de um burro, no México; outro que se apoia em uma tenda de frutas em Salvador. Árvores, bancos, balcões, escadas e calçadas se tornam camas. Braços, colunas, paredes e degraus como travesseiros.

A mostra tem a preocupação do fotógrafo, que veio para Bahia em 1946, em despertar questões como a relação entre classe, raça e contrastes sociais, além do lugar da mulher no mercado de trabalho e no espaço público (são poucas as fotos com presença feminina na exposição) e a relação das pessoas com o meio urbano.

Dorminhocos – Exposição. No Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. De terça a sexta, das 10h às 22h. Aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h. Até 16 de junho. Gratuito.