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Chuva derruba casas e mata quatro crianças em Mauá

Defesas civis do município e do Estado fazem vistoria nos locais soterrados; áreas estão interditadas

Daniel Tossato
17/02/2019 | 08:45
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Denis Maciel/DGABC


Atualizada às 15h05

Um bebê e três crianças morreram soterradas no Jardim Zaíra, em Mauá, após deslizamento de terra causado pelas chuvas que atingiram a cidade no sábado.

Um garoto de 8 anos, identificado como Miguel e a irmã dele, 1, Maria Heloísa, estão entre as vítimas fatais. A ocorrência foi registrada na Rua Ane Altomar, 200, Zaíra 6. A mãe das crianças, Talita dos Santos Silva, 35 anos, foi resgatada por vizinhos com ferimentos na cabeça e no ombro, bem como a filha mais velha, Tainá, 12, segundo o Corpo de Bombeiros. Conforme familiares, Talita está grávida de 3 meses.

Os corpos dos irmãos foram liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) de Santo André e encaminhados ao Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Curuçá, em Santo André, onde serão velados e enterrados, às 16h30. 

Em outra ocorrência, na Avenida Cidade Mauá, altura do 3.334, Zaíra 4, outra família ficou soterrada após deslizamento de terra. Os irmãos Guilherme dos Santos da Vitória, 4, e José Henrique Santos da Vitória, 7, foram retirados sem vida dos escombros pelos bombeiros. A mãe deles, Afonina Rosa de Jesus, 38, foi resgatada e conduzida ao Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, onde segue internada em estado grave. O pai, José Santos da Vitória, 41, também sobreviveu e está internado no Hospital Nardini - ele teve fratura exposta na perna e passou por cirurgia.

SOLIDARIEDADE

Governador do Estado, João Doria (PSDB) usou seu perfil no Twitter para prestar solidariedade às famílias das vítimas de deslizamentos ocorridos em Mauá, neste fim de semana. Quatro crianças foram mortas e outras quatro pessoas seguem internadas em hospitais da região.

O tucano destacou o trabalho das equipes de Defesa Civil e de técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e do Instituto de Geociência do Estado na avaliação do solo e imóveis localizados em áreas de risco no Jardim Zaíra, em Mauá.

Confira na íntegra a publicação:

“Minha total solidariedade às famílias das 4 crianças que morreram vítimas de desabamentos por consequência das fortes chuvas em Mauá, na Grande São Paulo. Muito triste! Infelizmente, outros pontos do Estado também foram castigados com alagamentos e desmoronamentos.

Desde a madrugada, o Governo está com equipes da Defesa Civil e com técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas e do Instituto de Geociência nos locais atingidos.”

ANÁLISE DO SOLO

Conforme do secretário de Governo da cidade, João Veríssimo, a Prefeitura disponibilizou local para famílias desabrigadas, mas elas preferiram se dirigir para casa de parentes. O secretário ainda relatou que integrantes do IPT (Instituto Paulista de Tecnologia) estão no local fazendo análise do solo.

"Recebemos um geólogo do IPT que realiza análise do solo do local. A Defesa Civil de Mauá fará vistoria na área atingida pelos deslizamentos", disse o secretário. "Nós fizemos um trabalho de remoção de famílias das áreas de risco, mas eles preferem ficar e correr o risco", afirmou Veríssimo.

Segundo a Prefeitura de Mauá, 13 deslizamentos de terra e 5 desabamentos foram registrados na cidade desde a noite de sábado. Dois deles com vítimas.

VISTORIA

As defesas civis de Mauá e do Estado de São Paulo realizam vistoria na região que ocorreram os deslizamentos neste momento. 

As entidades analisam quantas e quais casas precisam ser interditadas. Balanço preliminar aponta que 15 residências já foram evacuadas.

DOIS HOMENS

Na altura do número 1.813 da Avenida Cidade de Mauá, dois homens foram resgatados com vida pelos bombeiros. Um deles teve fratura exposta no braço e, o outro, fratura exposta na perna. Ambos também foram encaminhados pelo Samu ao Hospital Nardini.

A Defesa Civil do município foi acionada e o Corpo de Bombeiros encaminhou 11 viaturas, totalizando 21 homens, ao local.

Balanço do Corpo de Bombeiros contabiliza, desde a meia-noite deste sábado (16), 100 quedas de árvores, 41 desmoronamentos e 56 pontos de enchente/alagamentos em todo o Estado.

TEMPESTADE

Desde a noite de sexta-feira, o Grande ABC é atingido por temporais com rajadas de vento, que causaram, ainda, outros transtornos, como pontos de alagamento, imóveis destelhados e destruídos, quedas de fios de alta tensão, falta de energia elétrica e circulação de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)com velocidade reduzida.

Em Santo André, a destruição da estrutura do Auto Posto Utinga, na Avenida Utinga, causou prejuízo de R$ 120 mil ao proprietário Sandro Neves, 45 anos. A estimativa é a de que demore 30 dias para recuperar o local. “Só deu tempo de sair correndo para se proteger. Tinha cliente abastecendo. Foi um milagre que ninguém tenha se machucado.”

A Comunidade Apostólica da Colheita, igreja evangélica também em Utinga, sediava culto no momento da tempestade. O espaço ficou destelhado. “Estávamos com 20 pessoas em oração, quando ouvi mos os barulhos. Saímos para a rua sem saber o que tinha acontecido”, afirma o pastor Rogério Gonçalves, 43. Embora ainda não tenha estimado os danos, ele acredita que demore dez dias para recuperar o centro religioso. Além disso, foi necessário adiar o início das aulas de capoeira – previstas para amanhã – a crianças devido aos estragos.

Usuários da Linha 10-Turquesa da CPTM seguiram prejudicados pela circulação mais lenta das composições entre as paradas Tamanduateí, na Capital, e Santo André, ontem. Queda de raio sobre cabine de sinalização atingiu vários equipamentos na sexta – funcionários trabalhavam na recuperação até o fechamento desta edição.

SÃO CAETANO

Na USCS, dois prédios foram atingidos pela ventania e temporal. A instituição de ensino anunciou a suspensão das aulas nesta semana, bem como o cancelamento de concurso público para a Prefeitura de São Caetano, que seria realizado hoje. Outras informações serão divulgadas no site www.dedaluconcursos.com.br.

De acordo com o reitor Marcos Sidnei Bassi, as obras para a recuperação do campus Barcelona devem ter duração de 40 dias – serão contratadas de forma emergencial. Em relação à volta às aulas, a estratégia será definida. “Ou vamos suspender o calendário, reprogramando as aulas para avançar nas férias, ou procuramos outro lugar para ter as aulas.”

CHUVA

Conforme a Prefeitura de São Caetano, choveu 65 milímetros entre a noite de sexta e as 11h de ontem – 28% do esperado para o mês. Já em Santo André, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), foi registrado volume de 44,7 milímetros. No município, as rajadas de vento chegaram a 42,8 quilômetros por hora. Em Mauá, a Defesa Civil contabilizou 104 milímetros de chuva em 24 horas.

A meteorologista do Climatempo, Marina Vieira, descartou a possibilidade de que tornado tenha atingido a região. “Esses fenômenos isolados são causados por nuvem de tempestade que produz rajadas de vento. Um tornado se dá em área mais extensa.”




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