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Mano Bantu representa o reggae do Maranhão
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
28/01/2003 | 18:26
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A banda Mano Bantu tem quatro integrantes, três deles de São Luís, no Maranhão, a capital nacional do reggae. E é reggae que Gerson da Conceição (baixo e voz), Moises Mota (bateria e backing vocal), Celso Black (percussão) e Edu Zappa (teclados), o único de São Paulo, apresentam em seu primeiro CD lançado por uma grande gravadora. O grupo, formado em 1997, também tem no currículo um trabalho independente anterior.   

Em Mano Bantu (WEA/Warner, R$ 22 em média) fica evidente que eles leram e sabem de cor e salteado a cartilha de Bob Marley. Mas não é só isso. Junto à sonoridade peculiar do ritmo jamaicano surgem outros elementos rítmicos.   

“Usamos uma carga percussiva de ritmos tribais do Maranhão. Por exemplo, o boi de zabumba e o tambor de crioula, de origem africana. O que fazemos é uma releitura do reggae à luz de elementos brasileiros e africanos”, afirma Conceição. O álbum traz ainda rap e drum’n’bass, além do uso de samplers e metais.   

A faixa Esquinas de Agonia parece uma música de pista. Tem uma pegada de drum’n’bass, ritmo modernoso que o pessoal de música eletrônica gosta bastante. “Baixo e bateria no reggae não é novidade. Esses instrumentos são a base do gênero”, diz.   

Mano Bantu é composto por músicas próprias como Down Down, que já pode ser ouvida nas rádios. Calmaria é uma versão de Black Roses, da banda Inner Circle. Na Asa do Vento, de João do Vale e Luiz Vieira, foi regravada. O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro figura como parceiro de Gerson da Conceição na canção que fecha o álbum, Flores no Asfalto.   

Os temas das letras de Mano Bantu vão do amor aos problemas sociais. Falam, por exemplo, de preconceito racial, como na faixa Negão: “Corre pra polícia não te prender/ Olha que tão de olho em você”.  

Raízes – “O reggae deu as caras no Maranhão em meados dos anos 70. Nos 80, só se ouvia reggae. E até esta quarta o gênero é muito forte no Estado. O que ocorre é um processo de identificação cultural: o negro marginalizado encontrou no gênero uma forma de auto-afirmação”, diz o baixista e vocalista.   

A pegada muito romântica nas últimas faixas do álbum tira um pouco do ritmo do trabalho. Exemplo disso é a canção Até Você Voltar: “Deixei as flores morrerem no jardim/ Mas me senti só/ Morri de amores por não estar perto de ti/ Mas é cedo e ainda não pensei em partir”. Mano Bantu, se possível, deve ser ouvido na praia, na beira de uma fogueira, no sossego que pede os mandamentos do reggae.




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