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Plano Diretor da Billings é superficial
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
31/10/2006 | 22:56
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A proposta apresentada pela Prefeitura de São Bernardo na semana passada para recuperar a represa Billings é criticada pelo MDV (Movimento de Defesa da Vida). Na avaliação dos ambientalistas, o pacote é superficial e não ataca a principal ameaça ao reservatório: as moradias clandestinas nas áreas de manancial.

O município pretende gastar R$ 218 milhões com educação ambiental, criação de parques lineares para proteção de nascentes e pavimentação ecológica. Ações que não passam de “decoração”, na avaliação do MDV (Movimento de Defesa da Vida) e Fundação SOS Mata Atlântica.

O presidente do MDV, Virgílio Farias, diz que o relatório proposto em parceria com a Jica (Agência Internacional de Cooperação do Japão) não prevê nenhum projeto que recupere as áreas devastadas ou ocupadas.

“Não é possível pensar em salvar a Billings sem abordar essas questões. É preciso que as áreas de mananciais sejam fixadas como zonas rurais e sejam fiscalizadas em toda a sua extensão. Parece que eles querem jogar purpurina verde na água. Não tem como funcionar”, avalia Farias.

Segundo a Secretaria de Planejamento de São Bernardo, as iniciativas propostas pela parceria são fruto de 16 meses de estudo. “Entre as prioridades, há pressa para a execução de duas ações: a criação de um centro de educação ambiental, no Parque Estoril, e a ampliação do asfalto ecológico. Ambas terão resultado prático a longo prazo”, explica o secretário, Hiroyki Minami.

No plano diretor de recuperação da Billings ainda estão previstas obras de afastamento de esgoto e melhora da qualidade da água. A responsabilidade ficará a cargo da Sabesp que, segundo o relatório assinado, buscará recursos para a reforma da antiga estação de tratamento de esgoto do Riacho Grande e construção de uma nova unidade no bairro Santa Cruz.

Farias, do MDV, argumenta que a lei brasileira já obriga os municípios a protegerem seus rios e córregos. “São Bernardo não faz nada mais que sua obrigação. Quero saber como vai colocar em prática se a maioria das áreas dos ribeirões dos Couros e Alvarenga estão ocupadas”, questiona o ambientalista, que também integra a SOS Mata Atlântica.

O plano deve começar a ser executado daqui a dois anos e e concluído só em 2014.

Tietê – Enquanto os planos de afastamento de esgoto das águas da represa não saem do papel, os dejetos produzidos no Grande ABC continuam seguindo a direção do rio Tietê. Cerca de 40% de toda a carga de esgoto do rio é resultado das bacias da Billings e Guarapiranga. Isso inclui todos os municípios da região e algumas áreas de São Paulo e Osasco.

A principal justificativa para o problema, segundo a coordenadora de projetos da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, está na baixa quantidade de esgoto tratado na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ABC.

Ela afirma que a despoluição do Tietê depende, diretamente, do poder de tratamento das cidades da região. Os municípios precisam dobrar o volume de dejetos tratados. “As duas bacias precisam alcançar a marca de 80%. Assim conseguiremos reverter, em parte, a situação da região e também do Tietê”, sustenta.



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