Cerca de 60% dos alunos atendidos pelo programa Parceria na Construção de uma Cultura de Paz no Ambiente Escolar, desenvolvido nas escolas públicas de São Bernardo, deixaram de apresentar comportamento violento em sala de aula, o que resultou em diminuição efetiva da violência. No total, 121 alunos foram atendidos, sendo a maioria da rede estadual.

Casos como o do estudante gaúcho de Enfermagem, de 25 anos, que quebrou os braços de uma professora de 57 anos, nesta semana, poderiam ser evitados com trabalhos como esse, realizado desde 2007, pelo grupo que ficou conhecido como Força Tarefa. Os resultados foram apresentados ontem, na ESMP (Escola Superior do Ministério Público). Com auditório lotado, diversas personalidades como o prefeito Luiz Marinho compareceram para dar seu relato sobre a experiência única no País, que pode se tornar referência nacional.

"Não temos violência relevante nas nossas escolas, mas podemos influenciar positivamente nas futuras gerações que irão cursar séries mais avançadas nas escolas estaduais", observou Marinho.

Já o professor Luís Roberto Alves, coordenador da cátedra Gestão de Cidades, da Universidade Metodista de São Paulo, destacou que ação será contínua "ao modo de pintura com a nova aquarela da palavra, capaz de, como não se conheceu antes na escola brasileira, fazer as pazes ao modo da juventude e dar sinais claros de uma cultura da integralidade da vida", disse, referindo-se ao nome do material preparado com apoio da universidade, chamado Uma Nova Aquarela, a ser distribuído nas escolas.

O juiz Luiz Carlos Ditommaso, da Vara da Infância e da Juventude do município, classificou o momento como histórico para a escola pública.

Dois fatores que influenciam no comportamento violento de crianças e adolescentes são a educação recebida em casa e o envolvimento com grupos sociais de risco. A constatação é da psicóloga da Fundação Criança Ângela Letícia dos Santos, integrante da Força Tarefa. Para ela, a família tem participação preponderante na Educação. "Escola e família devem atuar juntas para combater a violência física e psicológica. O envolvimento nesses grupos pode levar à dependência ou ao tráfico de drogas", explicou Ângela.

A secretária de Educação, Cleuza Repulho, também presente no evento, afirmou que muitos alunos violentos são filhos de pais violentos. "Mas não podemos cair no erro de antes de culpabilizar alguém. No início culpávamos os alunos, depois professores e mais recentemente a família. A sociedade mudou, a vida está diferente, as escolas também. Todos nós somos responsáveis", concluiu.