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Mauá abandona paciente domiciliar em coma
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
28/05/2009 | 07:53
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Celso Luiz/DGABC


A família de um ex-gerente de posto de gasolina acusa a Prefeitura de Mauá de ter negligenciado, desde a última eleição, auxílio médico ao paciente, que está em coma há quatro anos. É uma história que começa em 2005, no Hospital Doutor Radamés Nardini, e termina com a falência dos programas de Atendimento Domiciliar e Saúde da Família, o que tem gerado um custo mensal de mais de R$ 1.000, 70% da renda familiar.

O drama de Francisco Carlos Jardim, 53 anos, começou em 31 de maio de 2005. Teve crises convulsivas, passou pelo hospital do município, mas foi dito que poderia seguir para casa, até que exames fossem concluídos. A situação piorou, e duas semanas depois ele retornou ao Nardini.

De volta, a família ouviu que o ex-gerente tinha pneumonia. O quadro se agravou, e Jardim passou mais três meses na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Faltava material hospitalar, que era comprado pela própria família.

As irmãs informam que ele teria contraído a bactéria pseudomona, típica de infecção hospitalar. Teve o corpo coberto por escarras, em ambiente inadequado ao tratamento. A situação gerou inquérito civil tocado pelo Ministério Público, com farta documentação.

Domiciliar - Em 12 de outubro de 2005, Jardim recebeu nova alta. Mas ficou em casa por pouco tempo. No dia 24 do mesmo mês, chegou pela terceira vez ao hospital. Foi transferido então para a Santa Casa, onde permaneceu até 13 de fevereiro de 2006. Sem evolução, foi recomendado pela ex-secretária de Saúde Sandra Regina Vieira o tratamento domiciliar, com a promessa de apoio da administração municipal, como comprovam documentos da assistência social.

Eficiente no início, o auxílio diminuiu, até praticamente desaparecer após a eleição. Com a nova gestão, a casa no Parque das Américas não recebeu mais visita alguma de enfermeiros. Médico, apenas uma vez, há dois meses. "Disse ainda que era favor", afirma a costureira Maria Cecília Jardim, 52 anos, irmã de Jardim.

A família é obrigada a gastar com fraldas, material médico-hospitalar, manutenção de equipamentos e remédios, mais de R$ 1.000 por mês. É muito, principalmente quando se leva em consideração a renda de todos da casa: R$ 1.450. A ajuda fundamental vem de parentes, inclusive com cestas básicas. "A gente vai comprando aos poucos, se virando como dá", diz Palmira de Souza Jardim, 74 anos, mãe do ex-gerente.

Pessoas que atuam no município, como o atual diretor do Nardini, João Lázaro, são lembrados de forma positiva pela família. Mas a solidariedade surgiu, principalmente, de outras cidades. A cama hospitalar foi emprestada pela Prefeitura de Suzano. A sonda gástrica, por onde Francisco se alimenta, é do Hospital das Clínicas, da Capital.

Hoje, a família luta para encontrar apoio da Secretaria de Saúde. Bateu diversas vezes à porta do secretário municipal, Paulo Eugenio Pereira Júnior. Não encontrou apoio. Questionada, a Prefeitura também não respondeu à reportagem.




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