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Perda de água na região chega a 35%
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
28/08/2011 | 07:04
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O Grande ABC perde em torno de 35% da água que é produzida ou importada de outras bacias. Isso significa que, a cada 100 litros de água tratada, 35 não chegam ao consumidor final ou não são cobradas pelas empresas que prestam o serviço. O índice é bem inferior ao de países desenvolvidos. No Japão, apenas 3% da água é perdida, enquanto no Reino Unido a porcentagem é de 5%. A média nacional é de 37,4%, enquanto a do Estado é 26%.

Entre as principais causas da perda de água estão vazamentos, tubulações clandestinas e a falta de medição do fluxo por meio de hidrômetros. Especialistas avaliam que a falta de manutenção dos encanamentos tem grande influência no ‘extravio'.

"Os canos antigos são de ferro e possuem juntas de chumbo, e esses materiais geralmente têm vazamentos contínuos. Os mais modernos são feitos de plástico, e possuem incidência menor de vazamentos", explica Jorge Giroldo, professor do curso de Engenharia da Fundação Educacional Inaciana e mestre em hidráulica.

Giroldo acrescenta que a ligação de ramais residenciais - processo conhecido como derivação - também pode aumentar a perda. "É necessário furar o tubo na rua e colocar um derivador - peça que faz a ligação com a residência. Em geral são usados materiais de péssima qualidade, que se rompem facilmente."

O presidente do instituto Trata Brasil, Édison Carlos, alerta que quem paga a conta para suprir a perda é o consumidor. "Isso gera perda econômica, a empresa fica dependente do governo e acaba repassando o prejuízo nas tarifas. É como você comprar matéria-prima para fabricar 100 bolas e acabar fazendo só 60."

Carlos ressalta a dificuldade para identificar pontos em que ocorrem perdas. "Nem sempre isso é visível. Em muitos casos, os vazamentos são pequenos e contínuos, que acabam sendo absorvidos pela terra."

 

META

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo prevê investir R$ 4,9 bilhões até 2019 para diminuir as perdas. A estatal informa que a meta estipulada é reduzir a taxa para 13% em 2019. Segundo a Sabesp, já foi feito financiamento no valor de R$ 700 milhões com o BNDES. A empresa afirma que já faz obras rotineiras de troca de redes, pesquisa de vazamentos, instalação de válvulas redutoras de pressão e substituição de hidrômetros. A prestadora de serviços informa ainda que a porcentagem vem caindo nos últimos anos, já que a taxa era de 34% em 2004.

 

São Bernardo e Diadema são as campeãs de perdas

 

Entre as cidades do Grande ABC, Diadema e São Bernardo estão entre as que perdem maior quantidade de água tratada. Segundo a Saned (Companhia de Saneamento de Diadema), 39,28% do recurso não chegaram ao consumidor entre julho de 2010 e a metade deste ano. Em São Bernardo, o secretário de Gestão Ambiental, Giba Marçon, estima que a perda gire em torno de 40%. Em Mauá, está em torno de de 38%, segundo a Sama.

Os melhores índices são os de São Caetano (26,38%) e Santo André (26,5%). Segundo o Semasa, os andreenses consomem em média 180 milhões de litros de água tratada por dia. Isso significa que, diariamente, quase 50 milhões de litros vão para o ralo.

Já em São Caetano, a população consome cerca de 36 milhões de litros diariamente. As deficiências na rede fazem com que 9,5 milhões de litros não cheguem ao destino final.

Para minimizar o problema, as empresas dizem investir em equipes para a busca de vazamentos, além da instalação de macromedidores para qualificar o monitoramento e troca das tubulações antigas.




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