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Região faz moradias só
para 28% dos que precisam
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
06/06/2011 | 07:28
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O Grande ABC tem projetos para construir ao menos 25 mil unidades habitacionais até 2015, destinadas a famílias de baixa renda. Mas o deficit na região ultrapassa 88 mil moradias. Isso significa que, se todas as unidades fossem entregues hoje, beneficiariam apenas 28% dos que não têm casa própria.


Dessas moradias, apenas 4.870, ou 19%, estão em andamento. Se essas obras fossem finalizadas agora não daria para atender nem as 5.310 famílias cadastradas no bolsa-aluguel, que recebem de R$ 315 a R$ 380 por mês para custear despesas de moradia.


Santo André tem o maior número de unidades habitacionais em projeto. São 15.138 moradias, que deverão ser entregues até 2015. Um dos principais é destinado ao Jardim Santo André, com a construção de 8.788 unidades pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. O investimento chega a R$ 400 milhões.

A meta da cidade é alta, mas o deficit habitacional atinge 20 mil pessoas. Por meio do bolsa-aluguel, vivem 1.336 famílias, que recebem até R$ 380 mensais.
Em São Bernardo, o plano é entregar 5.658 unidades habitacionais até o fim do ano que vem, quando o prefeito Luiz Marinho (PT) conclui sua atual gestão. "Acreditamos que é possível entregar quase tudo, talvez fique um residual para 2013, mas com verba garantida no orçamento", destacou o petista.

O deficit habitacional do município chega a 38 mil unidades. O governo federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento 1, investiu R$ 665 milhões e prevê ao menos mais R$ 700 milhões em 13 projetos de habitação no PAC 2.

INVESTIMENTOS
Diadema pretende construir 1.052 unidades, com previsão de conclusão para 2012. Na cidade, 710 pessoas recebem bolsa-aluguel de até R$ 350. O deficit habitacional gira em torno de 9.500 moradias.
Um dos projetos mais ambiciosos é o Nova Naval, com R$ 25,5 milhões em investimentos. A primeira etapa construiu 252 apartamentos e a segunda prevê entregar mais 60.


Em Mauá, a meta é construir 3.347 moradias, mas o prazo não foi divulgado. Na cidade, 193 pessoas recebem bolsa-aluguel de R$ 345. O deficit habitacional é de 20 mil famílias. O único projeto que saiu do papel, porém, é a construção de 120 moradias no Jardim Oratório.

Nem tudo são flores na vida em conjuntos habitacionais
Morar em conjunto habitacional não é sempre uma maravilha, mas ainda assim é melhor do que viver em áreas de risco. No entanto, muitas vezes as unidades acabam por se transformar numa extensão da favela, e os hábitos pouco mudam se não houver um esforço coletivo nesse sentido.


Além disso, é preciso enfrentar os pequenos problemas que uma casa própria regularizada trazem: há contas de água, luz e gás para pagar, pequenas infiltrações e reformas, entre outros. "Mas viver aqui é bem melhor do que na favela", garantiu a doméstica Célia de Souza, 35 anos, que se mudou há seis meses para o conjunto Três Marias, no bairro Cooperativa, em São Bernardo.


Ela deixou o Sítio Bom Jesus em 2007 e morou três anos de aluguel, bancado pelo auxílio da Prefeitura. "Peguei enchente lá e tinha muito medo de que o barranco deslizasse e levasse meu barraco. Agora estou tranquila", afirmou.
O problema, segundo Célia, é que o lugar é afastado de tudo. "Não tem mercado, falta posto de Saúde e opção de ônibus", reclamou.


A vizinha Adriana de Souza Pereira, 29, concorda. "Eles colocaram a gente aqui e nem escola tem direito para os nossos filhos. Antes, quando morava no Divinéia, era mais fácil o acesso", disse.
A Prefeitura tem planos para construir no local um parque e um Centro Educacional Unificado, a fim de melhorar a infraestrutura. O prazo é o fim de 2012.


Para quem ainda espera por uma unidade, viver ali será como o paraíso. "Não vejo a hora de me mudar. Vou ter um teto que não cai na primeira chuvinha, como acontecia quando eu morava no Jardim Ipê", relembrou a doméstica Karen Cecília Claudine, 27.

Minha Casa, Minha Vida não sai do papel no Grande ABC
Quando foi lançado, o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida prometia ajudar a resolver o problema habitacional no Brasil e, por extensão, no Grande ABC. Porém, dois anos depois, pouca coisa saiu do papel.


O programa foi anunciado na segunda gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009, com a promessa de construir moradias em todo o País e aquecer o mercado imobiliário, de forma a gerar empregos. Os investimentos previstos pelo governo federal são da ordem de R$ 34 bilhões.


No mesmo ano, as prefeituras de Mauá e Santo André abriram inscrições para os interessados em participar do Minha Casa, Minha Vida. Após enfrentar longas filas, ao menos 85 mil pessoas se inscreveram em Santo André e Mauá.
Até agora, porém, das sete cidades da região, apenas Santo André e Diadema avançaram.


Santo André, inclusive, foi a primeira no Grande ABC a assinar contratos relacionados ao programa para famílias que recebem até três salários mínimos. O convênio foi firmado no ano passado e prevê a construção de dois condomínios residenciais que beneficiarão 352 famílias já cadastradas no programa. As obras estão em andamento e a previsão é que os apartamentos fiquem prontos em um ano.


Com investimento de R$ 23,1 milhões, os condomínios residenciais ficam na Rua Juquiá (R$ 6,8 milhões), Jardim Santa Cristina e Rua Londrina (R$ 11 milhões), na Vila Alzira.
Ainda há projeto para a construção de mais 880 apartamentos do conjunto Guaratinguetá, cujas obras devem começar em 2012.

PROJETOS
Em Diadema, foram apresentados à Prefeitura 18 projetos de habitação, que totalizam 2.750 unidades.
Desse total, cinco projetos com alvará de construção estão em análise na Caixa. Dois são voltados a famílias de zero a três salários mínimos e três a famílias de três a seis salários mínimos, que somam 812 unidades.
Nas demais cidades, os projetos engatinham. O motivo: faltam terrenos e interesse do setor imobiliário para a construção de moradias para pessoas de baixa renda.




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