Filmes de idosos não costumam ser muito atraentes para gente jovem, mas é tão bom ver a grande Helen e Sutherland contracenando que o negócio é relaxar na poltrona e gozar o espetáculo. A estrada metaforiza a vida. Acontece de tudo, até uma inesperada e divertida tentativa de assalto. No meio do caminho, o filme "atravessa" a própria eleição de Donald Trump, e a dupla de protagonistas vê-se no meio de uma manifestação de apoio ao atual presidente, na época candidato.
Loucas de Alegria, com Valeria Bruni Tedeschi e a mulher do diretor, Micaela Ramazzotti, já era um filme "on the road", de estrada. Ella e John mantém o gênero. Sutherland sofre de uma doença degenerativa que afeta a memória. Numa cena, Ellen lhe mostra fotos. "Quem são essas pessoas?", ele pergunta. Às vezes, do nada, reconhece um, uma. É o milagre do cinema. Abrir uma janela para o mundo e para vidas que nós, o público, desconhecemos.
Nos últimos anos, Paolo Sorrentino foi descoberto pelo público e pela crítica dos EUA, e até passou a filmar em língua inglesa - Youth, A Juventude. O outro Paolo não parece tão ambicioso, esteticamente - Sorrentino quer ser o herdeiro do imaginário de Federico Fellini. Virzì filma pequenas vidas, mas seu filme dá conta dos afetos e do estado do mundo. Revela a "América" profunda. Você vai agradecer ao diretor e a seu elenco por esses momentos de humanidade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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