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Olarias da região nas lentes de Orlando Filho
Thiago Mariano
Especial para o Diário
02/04/2008 | 07:15
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O Sesc São Caetano abre hoje, às 20h, a exposição Rota da Olaria, que é parte de um trabalho feito pelo repórter-fotográfico Orlando Filho e o jornalista Ademir Medici, ambos do Diário, para a reportagem O fim da nossa mais antiga indústria, publicada em 2005 no caderno Setecidades.

 Serão expostas 16 fotos sobre as quatro olarias em funcionamento na época da reportagem e ruínas de outras que há muito deixaram de existir.

 O registro documental partiu de uma idéia de Orlando: “Meus antepassados foram oleiros. Ao ver uma ruína, lembrei das histórias que ouvia e pensei no quanto renderiam fotos boas essa matéria.” Medici embarcou no projeto e juntos os dois passaram um mês percorrendo as áreas onde funcionavam as antigas fábricas.

 O guia da aventura foi José Valério Tertuliano, o Macalé, que há mais de 50 anos é oleiro e conhece praticamente todas as olarias da região.

 O projeto era registrar os vestígios das antigas fábricas de tijolo – que na metade do século passado eram a força da indústria – mostrando o trabalho do oleiro, que ia desde bater o barro, dar forma ao tijolo com as iniciais do dono da olaria até colocá-lo para sercar e levá-lo ao forno.

 “O destaque da matéria era o homem, com a tradição, muitas vezes familiar, de viver na quentura dos fornos, moldando o tijolo que servia para a construção da cidade”, relata Medici, que afirma que foram as fotos que serviram de referência para o seu texto: “A parte escrita serviu só para complementar a reportagem. Todas as imagens, de ruínas, oleiros trabalhando e fornos, já representam a idéia.”

HISTÓRIA

 A importância de expor a o trabalho, que era moda na primeira metade do século passado, segundo Ademir, é realçar uma cultura que está acabando, mas que serviu de base para a construção do Grande ABC como potência industrial. “Aqui na região tinhamos muitas olarias, eram mais de 100”, diz.

 O trabalho, a partir dos anos 1950, já era discriminado, por utilizar lenha, causando um enorme impacto ambiental. Os trabalhadores padeciam de problemas pulmonares, por causa das péssimas condições de trabalho. Outro problema era que essa prática rudimentar de fabricação de tijolos passou, com a construção de grandes fábricas, a não ter espaço para disputar concorrência. (supervisão de Gislaine Gutierre)

Rota da Olaria – Exposição de fotos. Abertura hoje, às 20h, No Sesc São Caetano – r. Piauí, 554. Tel.: 4223-8800. Visitação de segunda a sexta-feira das 9h às 21h30 e aos sábados das 9h às 17h30. Grátis. Até 10 de maio.



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