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Moldávia abaixo de zero
Fernando Cappelli
Do Diário do Grande ABC
28/03/2011 | 07:49
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No mundo globalizado atual, as andanças do futebol possibilitam trilhas inusitadas que concretizam o sonho de viver da bola. Neste sentido, a ousadia para não temer aventuras extremas é providencial.

Agora, pense rápido. Você sabe, assim de primeira, onde fica a Moldávia? Pois é. Nem mesmo o meia Caio Garcia, 23 anos, de São Bernardo sabia.

Mesmo assim, não titubeou quando surgiu a oportunidade para atuar no FC Milsami Orhei, time caçula do país da Europa Oriental, localizado próximo à Romênia e Rússia e que no inverno chega a temperaturas de -20º. "Essa é a pior parte. O frio é pesado, e quem sofre são os massagistas. Eles sofrem para manter os jogadores aquecidos. Deviam ganhar sempre em dobro", brinca o atleta.

Ainda garoto, Caio foi gandula no Anacleto Campanella. Paralelamente, mostrava habilidade nas quadras e campos locais. Passou pela base do Mesc e Mercedes, até chegar ao São Paulo (futsal).

PECULIARIDADES

Em seguida, foi para o ABC de Natal (RN), onde excursionou pela Espanha. Lá, firmou acordo e permaneceu no Velho Continente onde atuou em times da terceira divisão.

A Romênia foi o próximo passo. Após passagem pelo Arad, surgiu a proposta para atuar na Moldávia. "No futebol não existe lógica", Caio afirma. "A região aqui é pouco explorada, mas sediará a Eurocopa 2012 (Polônia e Ucarânia), além da Copa de 2018 (Rússia). Foi por confiar no potencial deste desenvolvimento que aceitei vir", disse.

Até pouco tempo, transferências como a de Caio eram tratadas de forma exótica. Mas segundo o próprio jogador, os tempos mudaram.

"O fato de ser brasileiro abre portas, mas não é mais suficiente para mantê-las totalmente abertas. Nesta região, há muita cobrança dentro e fora de campo. Temos sempre a mística do Brasil ao nosso lado, somos atração-extra. Mas é preciso corresponder. A concorrência é cada vez mais cruel", avalia o jogador, que tem mais dois compatriotas no clube: o paranaense Ademir Xavier e o paulista Pedrinho.

"O jogo por aqui é feio e pesado. Mas sempre acho espaço para passes e tabelas diferentes, aplicar uma caneta. É o diferencial", emenda.

O fator visibilidade também é levado em conta de forma secundária na empreitada. "Dá para ter perspectivas. Mas o principal sempre é a possibilidade de transferência para clubes de maior porte nos países vizinhos. Isso garantiria futuro bem tranquilo", comenta.

 

Futebol do país é o 87º no ranking da Fifa

 

Em termos gerais, o gélido futebol da Moldávia ainda está bem distante de qualquer pretensão megalomaníaca. O país figura em 87º no ranking atual da Fifa, que tem a campeã mundial Espanha como líder e o Brasil em quinto (uma posição atrás da Argentina).

A liga moldava conta com 14 equipes e, segundo Caio, é jogada em três turnos de pontos corridos. A maioria das partidas são realizadas aos sábados ou domingos. A cada 15 dias, acontecem jogos no meio da semana .

A temporada começa no mês de agosto. No fim de dezembro e janeiro, ocorre pausa em virtude do inverno rigoroso. Após esse período, a competição retorna no começo de fevereiro e termina no fim de maio.

O FC Milsami Orhei, equipe do meia, é a sensação do torneio. "O time estreou na primeira divisão ano passado. Houve mudança de presidente e, com isso, veio investimento pesado. O clube conquistou respeito em pouco tempo, e isso se deve também aos reforços estrangeiros que temos", explica o jogador.

O Sheriff Tiraspol, decacampeão nacional, é considerado o clube mais tradicional do país.

 

 




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