O CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo foi inaugurado na manhã de segunda-feira sob urgência de acolher presos da cidade dispersos em quatro carceragens da Região Metropolitana. A obra tem capacidade para 768 detentos e nasce com 78% das vagas já reservadas. Isso porque o prédio deve receber 600 presos provisórios (não julgados) de São Bernardo que estão abrigados nos CDPs de Mauá, Santo André, Itapecerica da Serra e Suzano.

O governo do Estado tem pressa diante do cenário de fugas e tentativas, morte, motim e rebelião, que assolaram os CDPs de Santo André e Mauá nos últimos dois meses. Por isso, anunciou segunda-feira que iniciaria as transferências de detentos para a nova carceragem já na noite de segunda-feira ou nesta terça-feira.

Até segunda-feira, a situação carcerária na região era de cerca de 2.558 presos para 1.242 vagas nas unidades prisionais (sem considerar a capacidade do CDP de São Bernardo). As três carceragens do Grande ABC juntas têm operado com o dobro da capacidade que suportam. O CDP de Mauá tem cerca de 990 presos para 576 vagas. O CDP de Santo André tem 1.328 detentos onde cabem 512. A cadeia pública de Santo André suporta 90 pessoas, mas abriga 240.

O Centro de Detenção Provisória de São Bernardo custou R$ 11,463 milhões ao governo do Estado. O prédio fica na estrada Yae Massumoto, no bairro Cooperativa – às margens da rodovia dos Imigrantes. A inauguração contou com a presença do secretário estadual de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa. O governo do Estado ressaltou que o prédio é equipado com detector de metais, sistema de alarme contra incêndio, circuito interno de TV e proteção de tela anti-resgate na cobertura dos pátios.

A nova carceragem de São Bernardo é dividida em oito raios (pavilhões), com 96 vagas cada um. A área do terreno é de 40 mil m². Outro CDP está sendo construído na região. É o de Diadema, que vem sendo erguido na rua Caramuru, na Vila Conceição. A obra deve ser entregue em novembro, segundo o governo do Estado, com capacidade para 576 presos.

Rapidez – O advogado Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, ficou surpreso com a inauguração do CDP de São Bernardo segunda-feira. Ele afirma que havia visitado a obra há um mês e que “o prédio estava longe de ser concluído.” Ele teme que problemas possam surgir após a inauguração, em razão da suposta pressa do governo do Estado. “Pretendo combinar com a Pastoral Carcerária uma visita ao CDP assim que chegarem os primeiros presos”, disse Castro Alves. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária garante que a carceragem foi entregue seguindo as normas estaduais de segurança. “Está tudo sob controle”, informou a secretaria.

As suspeitas do Movimento Nacional dos Direitos Humanos se fundamentam no histórico do CDP de Mauá. A obra foi inaugurada há cerca de um ano sem vistoria do Corpo de Bombeiros e Habite-se da Prefeitura. Segunda-feira, a Prefeitura confirmou que o CDP ainda não tem Habite-se.