A rotina de remédios de Fernanda Simões da Silva, 7 anos, começa às 5h30 e só termina às 22h. Vítima de paralisia cerebral, a criança toma 18 drogas por dia. Sem condições de pagar pelos produtos, seus pais deveriam receber da Prefeitura de São Bernardo os medicamentos, porém não tiveram o último pedido atendido pela administração.

O pai da jovem disse que o estoque começará faltar amanhã. "Os anticonvulsivos vão acabar e o suplemento alimentar que ela precisa para ganhar peso (a menina tem apenas 14 quilos) terminará em cinco ou seis dias", disse João Paulo Moreira da Silva, 30.

"Sem a droga ela pode sofrer uma convulsão ou desenvolver uma úlcera. Estou em desespero. Corri atrás de colegas, mas, infelizmente, não posso nem contar com a minha família", completou o vigilante, que estima em R$ 6.000 o valor trimestral do coquetel.

Para poder retirar os remédios de uso contínuo - como faz há cerca de dois anos -, 45 dias antes de terminarem os estoques, a família precisa apresentar a receita para a Secretaria de Saúde. A última solicitação, para receber o suficiente para 90 dias, foi formalizada em 10 de novembro.

Em resposta ao Diário, a Prefeitura informou que a licitação para a compra dos medicamentos está em fase final, mas não definiu a data de entrega dos remédios.

A justificativa da administração é contestada pelo pai, que informou que em maio do ano passado o serviço também atrasou. "Eles dizem que precisam fazer licitação, mas eu sei que os medicamentos são comprados sempre na mesma farmácia. Na coordenadoria de licitação tive a informação de que o processo nem chegou", afirmou.