Nos últimos dois anos, cerca de 41 veículos pesados foram multados diariamente por trafegar na faixa da esquerda nas rodovias Anchieta e Imigrantes. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, 30.216 caminhões e ônibus foram autuados no biênio nas duas estradas por viajar na faixa proibida. Na Anchieta, o número teve pequena queda, passando de 15.423 em 2010 para 13.981 em 2011. Na imigrantes, foram 812 infrações.

O CTB (Código de Trânsito Brasileiro) estabelece, no inciso 4 do artigo 29, que "quando uma pista de rolamento comportar várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de maior velocidade". Quem desrespeita a lei comete infração grave no valor de R$ 127,69 e perde cinco pontos na carteira.

Para a Polícia, a Imigrantes registrou menos irregularidades devido às características da via, que tem três faixas de rolamento, sendo que é permitido aos veículos longos que utilizem a do meio. Também contribui para o número baixo o fato de que caminhões e ônibus são proibidos de usar a rodovia para descer a serra.
Apesar de parecer alto, o número de autuações é baixo se comparado ao total de veículos pesados que rodam pelas estradas. Segundo a concessionária Ecovias, em 2011 passaram pelo Sistema Anchieta-Imigrantes 6,5 milhões de caminhões e ônibus. Isso significa que só 0,23% dos veículos foram autuados.

A equipe do Diário percorreu o sistema durante a semana e constatou que é grande o número de caminhões que andam pela esquerda. Na Anchieta, os veículos mais pesados fazem fila na direita e andam, em média, a 30 km/h. Impacientes, os motoristas dos caminhões mais leves iniciam a ultrapassagem. No entanto, o excesso de veículos longos na direita dificulta o retorno à faixa adequada. Dessa forma, permanecem na segunda faixa por até cinco quilômetros.

O artigo 30 do CTB deixa claro que "os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança".

Sindicato pede alternativas na descida rumo ao Litoral

Com apenas uma opção de acesso ao Litoral, caminhoneiros cobram mais alternativas para transportar cargas ao Porto de Santos. Na avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do ABC, Sallum Kalil Neto, o ideal seria a divisão entre caminhões carregados e descarregados.

"Quando você coloca todos os caminhões em uma pista com duas faixas, os que estão mais leves vão querer ultrapassar para chegar mais rápido ao destino. Mas a fila imensa na direita impossibilita a volta. Acaba ficando tudo concentrado", opina.

O presidente acredita que o volume de infrações cometidas é menor na subida, pois os caminhões têm à disposição três faixas de rolamento, sendo duas na Anchieta e uma na Imigrantes. "Quando divide, facilita. Por exemplo, os 100 veículos que desceram pela mesma rodovia podem se dividir em duas na volta, o que melhora o fluxo e diminui as irregularidades. Quando criaram a Nova Imigrantes, dividiram apenas os automóveis, e não os veículos longos", critica. Kalil Neto se refere às três novas faixas da rodovia, inauguradas em dezembro de 2002.

Está em fase de estudos projeto do governo do Estado para criar mais uma rodovia de acesso à Baixada Santista, que ligaria a cidade de Itanhaém ao bairro de Parelheiros, na Zona Sul da Capital. A distância entre os dois pontos é de aproximadamente 15 quilômetros, enquanto a extensão aproximada das rodovias Anchieta e Imigrantes é de 70 quilômetros.

Estado quer instalar radares exclusivos na Imigrantes 

A Artesp, agência que regula as rodovias concessionadas, estuda instalar, ainda neste ano, radares que fiscalizam o tráfego de veículos longos pela faixa da esquerda na Rodovia dos Imigrantes. O primeiro desses equipamentos, localizado no Km 48 da pista Norte da via, começou a multar motoristas infratores no início de março.

Apesar de manifestar interesse, a agência ainda não definiu os pontos onde pretende instalar os aparelhos. A Ecovias, empresa que administra o sistema, também não precisou a quilometragem dos equipamentos, mas informa que serão mais dois até o fim de 2012. Não serão implantados radares na Anchieta porque a via tem só duas faixas de rolamento e a ultrapassagem é permitida em pontos onde a faixa no solo é seccionada.

A concessionária informa que, para facilitar a fiscalização, oferece à Polícia Rodoviária acesso à Central de Controle de Operações, onde ficam concentradas todas as imagens geradas pelas 144 câmeras espalhadas pelas rodovias.

O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) é responsável pela aplicação das multas em caso de irregularidades flagradas por radares. O órgão deve divulgar nesta semana o balanço do primeiro mês de operação do radar de caminhões na Imigrantes. Ao todo, as duas rodovias que ligam a Capital e o Grande ABC à Baixada Santista são vigiadas por 30 radares de velocidade.