Ao tomar ciência da situação da filha, Teresinha de Oliveira Dias entrou em pânico. “O choque foi duplo porque eu nem sabia que ela não era mais virgem. Tenho uma criação tradicional que não aceita que falemos abertamente sobre sexo com os filhos. Meu marido só conseguia chorar. Nós nos sentimos traídos por ela.” A angústia, de acordo com a avó de Nicole, hoje prestes a completar 8 anos, passou assim que viu o rostinho da bebê na maternidade. “Mesmo assim, levei ainda uns quatro meses para aceitar o acontecimento. Não consegui nem ficar com minha filha no hospital após o parto.”

Menos de um mês depois do nascimento de Nicole, Camila e o pai da menina se casaram. “Não por obrigação, mas porque era o que eles queriam. Entretanto, na época, eu não sei se aceitaria que ela ficasse morando comigo, sendo uma mãe solteira. Ninguém na vizinhança sabia da gravidez”, disse Teresinha. Atualmente, a avó é quem cuida da neta enquanto Camila está no trabalho. “Deixei minha vida pessoal de lado para poder ficar com a menina que chega a ser mais minha filha do que da Camila. Hoje, peço perdão a Deus por ter dito que se tivesse tomado conhecimento da gravidez no início teria dado um chá abortivo para ela tomar.”

Menos traumatizante, mas também difícil foi a notícia da primeira gravidez de Vanessa Mayumi Kamiya Tanaka, aos 14 anos. “Engravidei quatro meses após começar a ter relações com o meu atual marido.” Ele, 17 anos mais velho do que ela, não se incomodou com a notícia e de imediato resolveu marcar o casamento. “Casamos mas só fomos morar juntos quando a Rafaela estava com mais de 1 ano.” Hoje, aos 20 anos, Vanessa já tem outros dois filhos. O Victor, 3, nasceu quando ela tinha 17. O caçula, Igor, de 1 ano e 4 meses, nasceu quando tinha 19.

Apesar de ainda muito nova quando ficou grávida pela primeira vez, a aceitação da família, segundo ela, não foi tão dolorosa. “Todos choraram muito no primeiro dia, mas uma semana depois já montavam o enxoval. A exceção foi os pais do meu marido que só aceitaram a neta quando estava com mais de um ano.” Contraceptivos, no entanto, não fazem parte da rotina diária de Vanessa até hoje. “Tenho medo de engordar e acho que tomar pílula mexeria com a minha auto-estima.” Gravidez, entretanto, ainda é possível. “Quero tentar mais uma menininha daqui a uns dois anos, mas acho que com a cabeça que tenho hoje, se engravidasse novamente aos 14 anos tiraria o bebê.”