Setecidades Titulo
Patrimônio histórico sofre descaso na região
Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
06/01/2002 | 19:12
Compartilhar notícia


A demolição do casarão da década de 30 localizado na esquina da avenida D. Pedro II, com a rua das Monções, no bairro Jardim, em Santo André, no fim do ano para dar lugar a uma unidade do McDonald’s, levou a população a refletir sobre o destino do patrimônio histórico e cultural da região. Com poucos imóveis tombados pelos órgãos municipais, estaduais ou federais, a maioria das propriedades mais antigas é particular e pode ser disponibilizada de acordo com os interesses do proprietário.

Sem a proteção de uma legislação específica, tais imóveis podem ser vendidos, alugados, demolidos ou ter qualquer outro destino que o dono desejar. Casarões, igrejas e outras construções já consagradas como referenciais do município – como o casarão da Ponte Seca, construído na década de 10, em Ribeirão Pires; ou a residência da família João Castelucci, na estrada Guilherme Pinto Monteiro, em Rio Grande da Serra, do início do século – estão em ruínas.

Todos os municípios da região possuem algum tipo de órgão ligado à preservação do patrimônio histórico e cultural. Os trabalhos, contudo, caminham em ritmo lento e, até o momento, a maioria só fez o levantamento das propriedades. “Temos uma lista de imóveis que podem ser indicados para o tombamento. Ainda não foi determinado o valor histórico de cada um, os estudos estão em andamento”, disse o arquiteto Cláudio Rogério Aurélio, do Museu de Ribeirão Pires.

Enquanto isso, a degradação dos imóveis é explícita. Um exemplo bastante conhecido é a capela São Sebastião (antiga Santa Cruz), de 1640, também em Rio Grande da Serra, que não foi considerada suficientemente preservada (está em ruínas, não tem mais altar, o teto desabou e as paredes estão semidestruídas) para ser tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

Em São Caetano, o casarão da rua Amazonas, no Centro, se tornou um cortiço. Os vizinhos dizem que o proprietário abandonou o local, atualmente ponto de venda de drogas. Situação semelhante enfrenta o casarão de Hebert Richards, da década de 50, em Ribeirão Pires, de propriedade da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, que é usado como moradia para famílias carentes ligadas à igreja.

Em Mauá, a chácara de Gricha Segall (irmã do pintor Lasar Segall), da década de 20, transformou-se na Pizzaria e Restaurante do Alemão, há cerca de 16 anos. A locatária do imóvel, Mari Janete Parmeggiane, 52 anos, conta que tentou preservar ao máximo a estrutura original da casa, mas que não recebeu orientação alguma na hora de fazer as reformas e adaptar o imóvel. “Tentei manter tudo como estava.”

Em Santo André, a Prefeitura estabeleceu o Corredor Cultural, que vai desde o Paço Municipal até o Museu Santo André e reúne cerca de 18 imóveis significativos para a história do município. A Chácara Mimosa, na avenida Portugal, do início do século passado, é hoje propriedade do clube 1º de Maio e está preservada. O clube usa a casa-sede da chácara como salão de festas e salas de reuniões.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;