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Aarão Teixeira não desiste da política
Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
23/05/2010 | 07:20
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Eleito o prefeito mais jovem do País em 1976, então com 19 anos, Aarão Edmundo Jardim Teixeira atualmente divide seu tempo entre a Associados, empresa imobiliária, de advocacia e contabilidade sediada em São Bernardo, e o Haras Jardim, do qual é dono em Ribeirão Pires, cidade em que mora desde 1986.

"Fiz tudo que podia na minha vida", brinca o ex-prefeito de Rio Grande da Serra, hoje com 53 anos, mas que não se cansa da política.

Vindo de família de políticos - o irmão José comandou a cidade na gestão 1993-96 e Adler, o Kiko, estará à frente da Prefeitura até 2012 -, Aarão foi o primeiro dos Teixeira a concorrer a cargo público. A disputa era um antigo sonho do pai, ex-dirigente do Sindicato dos Bancários com muito interesse por política, mas que morreu pouco antes de tentar a sorte na eleição de 1976.

Coube ao filho mais novo seguir os passos do patriarca. "Na verdade, nem era minha intenção (concorrer), eu era muito jovem", conta. Aarão quase entregou o comando do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partido de oposição à Ditadura Militar, para os três vereadores da legenda, mas voltou atrás. "Eles disseram que era bom eu entregar o partido, ou o tomariam de mim", lembra. "Isso me deu tanta raiva que decidi me tornar prefeito."

As dificuldades, porém, não pararam por aí. Durante a repressão, Aarão teve que conciliar a juventude com os ideais democráticos. "Eu era muito cobrado pela minha juventude, o pessoal desconfiava", recorda.

Em 1980, o regime militar decretou que todos os prefeitos e vereadores teriam os mandatos estendidos por mais dois anos para conciliar as eleições municipais com as estaduais e nacionais.

Em Rio Grande, porém, Aarão decidiu colocar a medida sob avaliação popular. "Eu não concordava com o regime, então também não poderia concordar com os atos dos militares", disse.

Ao fim do mandato, Aarão conseguiu eleger seu sucessor, o ex-vereador Willian Ramos (atualmente no PSDB). Mas, vindo de uma cidade com poucos eleitores, o ex-prefeito fracassou nas eleições para deputado estadual, em 1982, e federal, em 1986. "Para crescer, precisava ir para uma cidade maior."

Porém, problemas de saúde minaram suas chances em 1988, quando tentou concorrer à Prefeitura de Ribeirão Pires. Luís Carlos Grecco, então no PTB, venceu a eleição com três vezes mais votos.

"Eu estava bem debilitado. Havia feito três cirurgias, não conseguia sair na rua para fazer campanha", lamenta. "Cheguei até a fazer convenção dentro do hospital, mas peguei uma infecção por causa disso", recorda com bom humor. Em 1992, o candidato tucano em Ribeirão foi Valdírio Prisco, que venceu as eleições.

Aarão só voltou a concorrer a cargo público em 2000, como vice-prefeito de Rio Grande, na chapa de Silvio Sabainski (PV). A eleição foi também um embate interno na família Teixeira, com José concorrendo em outra chapa. No fim, contudo, ambos foram derrotados pelo petista Ramon Velasquez.

Hoje, Aarão faz mistério sobre possível volta aos pleitos eleitorais. "Quando o cavalo passa selado, você tem que montar", brinca. No momento, porém, o ex-prefeito dedica-se à campanha do tucano Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo.


Irmão quer ver Kiko disputar eleições também em Ribeirão

Como conselho de irmão mais velho se ouve e respeita, Aarão é enfático ao incentivar Kiko, o atual prefeito de Rio Grande da Serra, a disputar a Prefeitura de Ribeirão Pires em 2012. "Não será só bom para ele. Será bom para a cidade", afirma.

Nem mesmo o histórico mostrando que essa pode não ser uma boa ideia desanima Aarão. "A política hoje está mais regionalizada. Ele já provou para a população do Grande ABC que sabe administrar", defende.

Aarão, contudo, não tem bons resultados. Em 1988, quando tentou o mesmo feito, ficou em último nas eleições. Em 2008, disputou para vereador em Ribeirão Pires após oito anos longe das urnas, mas obteve apenas 179 votos.

"Eu não quis entrar no jogo. Tinha candidato comprando voto por R$ 30, o que rendeu um monte de processos no Fórum. Não preciso disso." Aarão analisa como ‘grandes' as chances de o irmão vencer. "Em 2012, não haverá nenhuma liderança na cidade. E, queira ou não, o Kiko já é uma liderança formada", diz. (Raphael Di Cunto, Especial para o Diário)




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