As crianças abrigadas no acampamento da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), no Jardim Ipanema, estão sofrendo com o frio e a umidade. E já começam a apresentar sintomas de gripe e resfriado. Preocupado com a situação, o Conselho Tutelar de Santo André solicitou na sexta-feira a entrega de 15 cobertores e colchões às famílias acampadas.

Em um dia em que os termômetros do Centro de Santo André marcavam 12ºC no fim da tarde, as crianças sofreram com o vento forte e a garoa grossa que, insistentes, teimavam em diminuir ainda mais a sensação térmica no local.

Na tarde de ontem, Cauã, 3 anos, filho do desempregado Cristiano da Silva, 28, não parava de tossir. Para que o menino não pegasse mais friagem, os pais o mantinham dentro da barraca, com seus cinco irmãos.

"Ele começou a tossir hoje (ontem). Todo mundo já está meio gripado por aqui. Tudo está molhado", disse Silva, coçando o nariz entre um espirro e outro.

Três conselheiros tutelares de Santo André foram ao acampamento e à creche que abrigam os desalojados do Jardim Santo André. A CDHU removeu cerca de 80 famílias do bairro. Quinze estão abrigadas provisoriamente nos precários espaços.

Cobertores e colchões - Impressionada com a situação do acampamento, que visitou no início da noite de ontem, a conselheira tutelar Iraci Pereira Pini, 47, entrou em contato com o DAS (Departamento de Assistência Social) da Prefeitura, pedindo os 15 cobertores e os colchões para as famílias que estão nas barracas de lona.

"É uma atitude de emergência. Duas famílias precisam de comida também (inclusive a de Cristiano da Silva), e vamos providenciar", garantiu a conselheira, contando que pediu à Prefeitura que marmitas sejam entregues a estas famílias diariamente, até a terça-feira.

"Se a ajuda vier mesmo, até que está bem. Mas não é só dessa ajuda que a gente precisa", concluiu Silva. Ele contou que a comida de sua família acabou "há uns dias já" e que conseguiu ajuda com moradores do Jardim Ipanema, que deram mantimentos. "A gente catou papelão também para conseguir algo", contou.

No final da noite de sexta-feira, por volta das 23h, um caminhão da Defesa Civil chegou ao local trazendo cobertores e colchões.