Os jogos de azar, especialmente as máquinas caça-níqueis, foram os crimes mais comunicados ao Disque-Denúncia pelos moradores do Grande ABC no primeiro semestre deste ano. Cerca de 28% das 5.177 ligações feitas em seis meses são referentes a esta ilegalidade, o equivalente a 1.475 denúncias. No ano passado, elas representavam apenas 13% do universo total, com 416 casos.

Os dados foram divulgados pelo Instituto São Paulo Contra a Violência parceiro da Secretaria de Estado da Segurança Pública no serviço.

No Estado de São Paulo, as denúncias contra jogos de azar aumentaram 136% em relação a 2007. No ano anterior, o registro nem aparecia entre os dez crimes mais comunicados. O aumento de ligações tem relação direta com a proibição de funcionamento de bingos no País.

Carteado, roleta, bingo e qualquer outro jogo que não exija habilidade, e sim, sorte, são considerados de azar e estão proibidos no Brasil desde 2004, quando o presidente Lula editou medida provisória que proibiu o funcionamento de bingos. Algumas casas, porém, funcionavam amparadas em liminares, que começaram a ser derrubadas.

Recentemente, algumas casas que trabalham com bingo de cartela conseguiram autorizações para funcionar mediante liminar expedida pela Justiça. Mas a proibição às máquinas fez com que muitas casas ilegais de caça-níqueis proliferassem e, respectivamente, o número de denúncias crescesse na mesma proporção.

Em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires, os jogos de azar lideram o ranking de denúncias. Em Diadema, Mauá e Rio Grande, o tráfico de drogas lidera a lista, assim como nos dois últimos anos.

Entre as 15 cidades da Região Metropolitana que mais denunciaram a prática ilegal de jogos, São Bernardo está em terceiro lugar com 476 ligações para o telefone 181 (só perde para Guarulhos e São Paulo), seguida de Santo André com 422. Diadema aparece na sexta posição com 349 casos, e em sétimo está São Caetano, que teve 175 denúncias. Mauá é o décimo município da lista com 147 registros.

Neste semestre, a região teve 595 casos solucionados a partir de comunicações feitas ao Disque-Denúncia. Deste total, 245 são de jogos de azar, mas elas não se referem, necessariamente, às ligações feitas nos seis primeiros meses.