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Literatura infantil é filão visado por celebridades
Michiko Kakutani
Do New York Times
28/10/2003 | 19:00
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De olho na trajetória milionária da inglesa J.K. Rowling, autora da série de livros sobre o bruxinho Harry Potter, vários famosos norte-americanos apostam no mercado editorial infantil.

Todo mundo concorda que há muito dinheiro e publicidade para ser faturado na literatura infantil. Vivemos em uma época em que uma jovem britânica – que não tinha um sobrenome famoso quando começou – escreveu uma série de livros sobre um garoto chamado Harry e, segundo a lenda, ficou mais rica que Madonna, e ainda mais rica que a rainha da Inglaterra. Joanne Kathleen Rowling foi entrevistada na televisão e cercada por fãs. Os filmes feitos a partir do livro foram vendidos como franquias.

As editoras ficaram animadas e logo as comportas se abriram. As livrarias para crianças foram invadidas por estrelas, com títulos de Spike Lee, Keith Hernandez, Jesse Ventura, Jerry Seinfeld, Britney Spears, Bob Dylan, Jane Seymour e Michael Bolton, entre outros, brigando por espaço na prateleira.

Madonna e Lynne Cheney, a esposa do vice-presidente, são as novas celebridades a entrarem para o mercado. Seus livros, respectivamente, As Rosas Inglesas e A Is for Abigail – entraram para as listas de best-seller.

Poucas celebridades, como John Lithgow e Jamie Lee Curtis, realmente oferecem algo escrevendo para as crianças: eles sabem como contar uma história, e como fazê-lo com palavras, fotos e inteligência.

Para o restante, os livros infantis são apenas uma forma de autocomércio. Uma vaidade a mais, como os livros de Britney, junto com suas bonecas e seus celulares.

Em vez de criarem mundos imaginários ou personagens fictícios, muitas celebridades só recontam suas histórias. Cindy Crawford recheou seu livro About Face com fotos dela e de seu filho. E Shaquille O’Neal deu a seu personagem-mirim um papel em contos como Chapeuzinho Vermelho e Cachinhos Dourados e os Três Ursos. Pelo menos ele teve senso de humor e se retrata como a Chapeuzinho e Cachinhos Dourados, não como o Lobo Mau ou o Bicho Papão.

Outras celebridades parecem achar que podem usar os livros infantis para reinventar suas imagens ou dar um impulso em suas carreiras. Madonna se tornou uma autora infantil depois de seu filme Swept Away fracassar.

Mas a moda da literatura infantil assinada por celebridades não mostra sinais de enfraquecimento. Madonna já tem mais quatro livros a caminho. O próximo, Mr. Peabody’s Apples, deve ser lançado no dia 10 de novembro. Jay Leno e os gêmeos do futebol norte-americano, Tiki e Ronde Barber, também pretendem lançar edições infantis.

O fato é que, até agora, Joanne Kathleen Rowling enfrenta pouca competição séria no mercado, pelo menos não das celebridades que desejam sua fama e subestimam a dificuldade de sua arte.




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