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Mulher-Maravilha faz estreia solo poderosa
Luis Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
04/06/2017 | 07:12
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Divulgação


Faz tempo que a Mulher-Maravilha busca seu lugar ao sol longe dos quadrinhos. Nas publicações da editora DC Comics, a personagem é respeitada e faz parte da chamada Trindade completada pelos também icônicos Superman e Batman. Ambos já movimentaram a cultura pop na televisão e, principalmente, com suas versões nos cinemas.

Projetos sobre uma adaptação da heroína para as telonas sempre foram soprados pelos lados de Hollywood, mas nunca tomaram forma. Somente agora ela ganha um filme solo, com cópias de Mulher-Maravilha espalhadas pelas salas de todo o Brasil desde quinta-feira.

Apesar de sua importância histórica ao longo de seus mais de 75 anos de atividade, a personagem conseguiu destaque além das páginas apenas na década de 1970. As três temporadas do homônimo seriado protagonizado por Lynda Carter são lembradas pelos fãs mais antigos até hoje – a atriz participou de longa-metragem televisivo sobre a origem da criação de Charles Moulton (texto) e H. G. Peter (arte) e a série a colocou em ambiente contemporâneo, deixando de lado os conflitos da Segunda Guerra Mundial.

Sua estreia na sétima arte veio 38 anos depois. Mesmo com seu potencial, ela foi coadjuvante de Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), mas roubou a cena nos poucos minutos em que esteve em tela. Agora, a Mulher-Maravilha é vista como peça fundamental para o universo cinematográfico idealizado pela DC e coube à diretora Patty Jenkins o desafio de fazê-la provar valor em aventura solo.

Em um gênero comandado por figuras como Homem de Ferro, Capitão América e Thor, finalmente um toque feminino está à altura e tem poder o bastante para quebrar pré-conceitos dos estúdios e do público. “A indústria cinematográfica é conservadora e ortodoxa. Eles ainda trabalham com conceitos ultrapassados e falsos, como o de que mulheres não gostariam de filmes de ação e que seriam os homens que teriam o poder de compra nas casas e não gastariam dinheiro com filmes de protagonistas mulheres”, afirma a jornalista Micheli Nunes, especialista em cinema e cultura pop. “Isso está mudando lentamente, mas longas como a franquia Jogos Vorazes provaram que heroínas geram lucro. Essa mudança vem junto com um crescimento do movimento feminista, que está levando a consumidores mais conscientes e questionadores.”

As críticas e impressões de críticos e espectadores têm chamado a atenção de maneira positiva. Sempre acompanhados de boas bilheterias, os filmes da parceria entre Warner e DC costumam decepcionar quanto a qualidade do material apresentado. Parece que Mulher-Maravilha chega para acabar com o clima de desconfiança. “O filme deixa os conflitos internos dos protagonistas de lado para apresentar uma guerreira heróica e idealista, que tem como principal objetivo ajudar o próximo. Nesse sentido, oferece alívio em relação aos filmes anteriores da DC, que pesaram a mão no clima sombrio”, avalia André Morelli, editor do site Popground (www.popground.com.br).

O potencial do longa vai além de questões comerciais. A representatividade de uma super-heroína para sociedade atual é tamanha que essa verdadeira deusa tem força para marcar o jogo para sempre. 

DC e Warner simplificam e acertam o ponto

A DC, em parceria com a Warner, possui dificuldades para desenvolver filmes interessantes. O público custa a se entregar aos longas-metragens, uma vez que as histórias são tratadas apenas como complemento dos devaneios visuais em cena. Mulher-Maravilha marca uma curva positiva entre as obras, com roteiro simples e eficaz o bastante para animar os mais criteriosos fãs.

A trama mostra a princesa Diana (Gal Gadot) sendo criada como aprendiz de guerreira em Themyscera, ilha escondida por Zeus do mundo dos homens. Durante a guerra, o espião Steve Trevor (Chris Pine) aparece e mostra que o mundo está em conflito. É o tom inocente da personagem em relação aos combates, que ela acredita ser obra de Hares, o deus da guerra, e ao universo real, que dá leveza ao filme. Seu espírito é nobre o bastante para querer ajudar um mundo que zomba do fato de uma mulher querer se meter na briga dos homens.

Com a ajuda da diretora Patty Jenkins (de Monster: Desejo Assassino), a protagonista é feita de amor da cabeça aos pés, o que a torna pura o bastante para ser enganada, ludibriada e, ainda assim, capaz de enfrentar trincheira inteira pela vontade de ajudar o próximo.

A questão histórica a deixa próxima de Capitão América e o fator mágico lembra Thor. Mulher-Maravilha é um ‘pipocão’ com conteúdo instigante, divertido e sentimental na medida certa.




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